Em reportagem publicada neste domingo (7), o jornal Folha de S.Paulo afirma que executivos da construtora Odebrecht afirmaram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), à Presidência em 2010 recebeu R$ 23 milhões da empreiteira via caixa dois. Segundo o jornal, a revelação foi feita a procuradores da operação na semana passada por funcionários da empresa que tentam um acordo de delação premiada.
Durante a reunião, realizada na sede da Polícia Federal em Curitiba, os executivos disseram que parte do dinheiro foi entregue no Brasil e que outra parte foi paga por meio de depósitos bancários realizados em contas no exterior. Para comprovar que o pagamento foi feito por meio de caixa dois, a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos realizados fora do país que tinham a campanha presidencial do então candidato como destinatária final.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a empreiteira doou em 2010 R$ 2,4 milhões para o Comitê Financeiro Nacional para Presidente da República de Serra (R$ 3,6 milhões em valores corrigidos). Dessa maneira, a campanha do tucano teria recebido, apenas do grupo baiano, R$ 25,4 milhões, sendo R$ 23 milhões “por fora”. Ainda segundo o jornal, o ministro das Relações Exteriores era tratado pelos apelidos de “Vizinho” e “Careca” em documentos da empreiteira.
A Folha afirma ainda que funcionários da companhia relatarão que houve propina paga a intermediários de Serra no período em que ele foi governador de São Paulo (de 2007 a 2010) vinculados à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas. O trecho em questão teve construção iniciada no primeiro ano da gestão do tucano e foi orçado em R$ 3,6 bilhões na época.
Em nota enviada ao jornal, Serra afirmou que a campanha dele à Presidência em 2010 foi conduzida em acordo com a legislação eleitoral em vigor. O tucano disse também que as finanças de sua disputa pelo Palácio do Planalto eram de responsabilidade do partido, o PSDB: “A minha campanha foi conduzida na forma da lei e, no que diz respeito às finanças, era de responsabilidade do partido”, afirmou. Sobre o suposto pagamento de propina a intermediários do tucano quando ele foi governador do Estado de São Paulo, entre 2007 e 2010, e que teriam relação com a construção do trecho sul do Rodoanel, o ministro disse que considera “absurda a acusação”.
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