O governo Dilma Rousseff conseguiu uma importante vitória nesta quarta-feira (17) com a eleição de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) como líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Próximo ao Palácio do Planalto, ele concorria com Hugo Motta (PMDB-PB), aliado do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e venceu por 37 votos a 30.
Dos 71 deputados aptos a votar, dois votaram em branco e dois não compareceram.
A disputa foi tão acirrada que o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), em plena crise do vírus zika, foi exonerado temporariamente do cargo para participar da eleição. Castro tem mandato de deputado federal e voltou ao Congresso. Para o lugar dele, Dilma nomeou interinamente José Agenor Álvares da Silva. Os deputados Pedro Paulo (RJ) e Marco Antônio Cabral (RJ), que são secretários no governo do Rio de Janeiro também deixaram seus postos para participar da eleição, com a missão de apoiar a recondução de Picciani.
A eleição ganhou tal importância porque afeta diretamente o processo de impeachment contra a presidenta. Cabe ao líder indicar oito integrantes do partido para a comissão especial que analisará a ação. Além disso, o líder do PMDB, partido com a maior bancada da Casa, tem poder para influenciar os parlamentares sobre a tramitação de projetos importantes para o governo.
A votação também é um indicador de como anda o apoio do governo no Congresso. Picciani acabou destituído do posto de líder após uma manobra de Cunha com o vice-presidente Michel Temer. O governo, uma semana depois, montou uma força-tarefa com ministros do partido e conseguiu recolocá-lo no cargo.
O enfraquecimento de Cunha, principal desafeto de Dilma e mergulhado em denúncias de corrupção, assim como decisões favoráveis de outros poderes da República, como o Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público Federal, favorecem o governo. É o que diz Antonio Augusto de Queiroz, cientista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Para ele, a tentativa de afastar Dilma da presidência não irá prosperar. “O Supremo desfez aquela decisão com relação ao rito do impeachment, que foi muito favorável ao governo. A decisão de dar ao Senado a prerrogativa de votar a admissibilidade do impeachment foi fundamental. Quem pensava em votar a favor do impeachment na Câmara agora pensará duas vezes. E essa manifestação do Ministério Público Federal, contrária à cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, também ajudou o governo”.
Deixe um comentário