Em um discurso emocionado nos momentos que antecederam a votação final do impeachment, o senador Lindbergh Faria (PT-RJ) parafraseou Tancredo Neves em discurso de 52 anos atrás: “Canalhas, canalhas, canalhas!”, afirmou. “Nós nunca esqueceremos esta data”, disse o petista.
Embora a votação que decidiu pelo impedimento estivesse prestes a se iniciar, o petista já previa o resultado: “Uma nova geração de brasileiros democratas vai lutar para anular essa sessão do Senado Federal, que pedirá desculpas formais à presidenta Dilma. Os senadores que optarem pelo crime vão para a lata de lixo da história como golpe à sociedade brasileira.”
Antes, fez um apelo: “Não pensem nos cargos que o Temer lhes oferece”. Em seguida, Vanessa Grazziotin (PCdoB) tomou a palavra. “A decisão é política. Não gostam que falem em golpe, mas a gente fala. O rito é legal, mas não é um crime. É um golpe não contra Dilma, mas contra o Brasil.”
Segundo a senadora, “Temer não tem legitimidade para governar o País”. “O povo não está na rua hoje porque está em casa acuado. Reconhecemos nós, Dilma reconhece que perdeu a popularidade momentaneamente.”
Ela disse, no entanto, que ninguém foi para as ruas “para parar a Lava Jato, nem por uma política econômica neoliberal”. “Apelamos aos senadoras e senadores: vamos hoje fazer justiça e votar não nesse processo indigno, espúrio, ilegal, que chamam de impeachment, mas é golpe.”
Em nome da oposição a Dilma, falou Ronaldo Caiado (DEM-GO), que respondeu Lindberg: “Canalhas são aqueles que assaltaram a Petrobras e enriqueceram ilegalmente com dinheiro público”, sem seguida, concluiu: “Fim do PT, fim da corrupção.”
Aécio
Após a votação, o neto de Tancredo, Aécio Neves, foi a plenário condenar a citação a seu avô. “É inconcebível e inaceitável que um homem da dimensão de Tancredo Neves seja usado de forma política”, disse o tucano. “Foi a sua indignação pelo descumprimento da Constituição pelo então presidente do Senado que o fez ver aqui a esta tribuna para dizer ‘canalhas’”, disse. “Não tenho dúvida de que essa mesma indignação estaria sendo dirigida àqueles que violaram a Constituição em busca de um projeto de poder”, disse. “Tancredo sempre esteve do lado certo, do lado da democracia.”
Venceu Caiado. Venceu Aécio Neves. Venceu o impeachment.
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