Após dias de muitas especulações, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o convite da presidenta Dilma Rousseff para assumir o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Jaques Wagner irá para a chefia do gabinete da presidenta. A informação foi confirmada pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do Governo na Câmara e vice-presidente Nacional do PT.
Dilma e Lula discutiram a decisão por mais de quatro horas na segunda-feira (14), mas não chegaram a uma decisão. Voltaram a se encontrar na manhã desta quarta no Palácio da Alvorada para discutir a nomeação. Lula chegou para o encontro com Dilma um pouco antes de 9h.
Investigado na Operação Lava-Jato, Lula recebeu um pedido de prisão preventiva por parte do Ministério Público de São Paulo, agora sob avaliação do juiz federal Sergio Moro. Como ministro, o ex-presidente receberá foro privilegiado e só poderá ser investigado pelo STF. Em entrevista ao Estadão, o ministro do Supremo Marco Aurelio Mello rejeitou a tese da oposição de que a ida de Lula ao governo se configure como obstrução de justiça.
Além disso, Lula, tido como o maior articulador político do País, pode fortalecer o governo Dilma, isolado politicamente. O ex-presidente deve melhorar a relação do Planalto com o Congresso e convencer o PMDB a não se bandear para a oposição.
Principal aliado do governo, o PMDB está dividido entre manter-se fiel à Dilma ou se associar ao PSDB, com quem já mantém contato. Para petistas, a saída da maior bancada do Congresso pode significar um inevitável impeachment da presidenta, o que de quebra renderia a presidência a Michel Temer, presidente do PMDB reeleito no último sábado (12).
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, os peemedebistas mais propensos a abandonar o barco defendem o rompimento imediato por temer que a chegada do ex-presidente possa de fato reaglutinar o apoio tanto do PMDB quanto de outros partidos infiéis, como o PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades).
Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-LA) seria um dos principais defensores de Lula no governo e teria garantido a ele o apoio de sua legenda na Casa caso ele diga sim ao convite.
O PMDB unido na Casa pode ser crucial para Dilma, já que o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente que caberá ao Senado a palavra final sobre o impeachment.
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