Lula: “Dilma é muito mais de esquerda do que eu”

Foto: Divulgação/Instituto Lula
Foto: Divulgação/Instituto Lula

Em entrevista a blogueiros nesta quarta-feira (20), em São Paulo, o ex-presidente Lula falou sobre combate à corrupção, a crise econômica, o momento político da presidenta Dilma e do PT, entre outros temas.

Para Lula, a Dilma é “muito mais de esquerda” do que ele: “Ela tem uma formação ideológica mais consolidada. Eu sou um liberal… Veja, eu, na verdade, o que eu acho, eu sou um cidadão muito pragmático e muito realista entre aquilo que eu sonho e aquilo que é a política real”. Lula disse, no entanto, que hoje está“mais à esquerda” do que quando era presidente, pelos livros que tem lido.

O petista também defendeu a política de alianças: “Se um partido ganhasse as eleições sozinho, elegesse todo mundo, ia ser uma desgraça. Ia ter corrupção pra caramba. O ideal é ter as maiorias, mas não tendo forças, não tendo aliados de esquerda, você faz uma composição. E você faz com quem quer te apoiar. O PT negou muitos apoios. Quando fui presidente da República, eu tinha consciência de que eu era um estranho no ninho. Aquilo não foi feito para um operário chegar lá. O Congresso não tinha nem banheiro feminino”.

Sobre a Lei Antiterrorismo, projeto de emenda constitucional enviado ao Congresso pelo Executivo e que hoje tramita na Câmara, Lula disse ser contra.É uma loucura a gente fazer uma lei por conta dos black blocs. Este país não tem tradição de terrorismo.”

O ex-presidente também falou sobre a Operação Lava Jato: “Existe uma tese de que há uma quadrilha que foi montada [nos governos petistas] para roubar a Petrobras. É uma tese. Mas é engraçado que todos os funcionários envolvidos, são funcionários de carreira com mais de 30 anos de casa. (…) Algum dia o Brasil vai reconhecer que esse processo de combate à corrupção só existe porque criamos as condições para isso”.

Para Lula, foi um erro político vencer as eleições com um discurso que não foi aplicado por Dilma ao assumir o segundo mandato. Também criticou a política econômica atual – voltada para o mercado. “O que a gente percebeu é que não conseguimos ganhar uma pessoa do mercado. Nem o Levy, que era representante do mercado no ministério da fazenda, não virou governo. Não ganhamos ninguém e perdemos a nossa gente. Então o desafio da Dilma, agora, e eu peço a Deus que a ilumine muito, o ministro Nelson Barbosa e todo o governo, é que em algum momento neste mês vão precisar anunciar alguma coisa para a sociedade brasileira. Então o Levy saiu, e o que vai mudar? Uma forma de aumentar a capacidade de arrecadação do estado brasileiro é aumentar imposto, e está difícil no Congresso. A outra é o crescimento econômico (…). Você precisa escolher o que fazer, com investimento público. Se o governo não está pondo dinheiro, porque o empresário vai por? O governo precisa tomar a iniciativa”.


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