A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manifestação desta sexta-feira (18) na Avenida Paulista, em São Paulo, foi o ponto alto dos protestos pela democracia e contra o golpe de Estado incensado pela oposição ao governo Dilma Rousseff com o apoio de parte da imprensa e da Justiça. Com a energia dos velhos tempos, Lula arrancou aplausos dos manifestantes ao reforçar o caráter democrático do ato. Mas ele também reservou espaço para incentivar o diálogo com quem prefere derrubar o governo.
Sob os gritos de “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”, o ex-presidente assumiu o microfone em frente a 95 mil pessoas, segundo o Instituto Datafolha. Voz rouca, embargada. Estava visivelmente emocionado. “Depois de completar 70 anos, passar tudo o que passamos e ser presidente do meu País, eu pensei que nada mais me emocionaria”, disse em referência ao que assistia.
Lula afirmou que as pessoas que naquele dia deixaram suas casas para defender a legalidade já haviam entendido que não basta ler a palavra ‘democracia’ na Constituição. “[O povo] quer comer de verdade, estudar de verdade. Não é só ler na Constituição.”
De acordo com o líder petista, o “Lulinha Paz e Amor” está de volta, ao contrário dos que imaginam um Lula raivoso, vingativo. “Eu não vou lá [para Brasília] para brigar e nem acho que quem não gosta de nós seja menos brasileiro”, afirmou. “Não nos trate como inimigo, a nossa bandeira verde amarela está na nossa consciência e no nosso coração.”
Para o petista, a democracia significa “conviver com as diferenças”. Lula até incentivou os protestos da oposição. “Protestem, não tem problema. Eu nasci fazendo greve, pedindo voto pelas Diretas”, disse. “Mas quem está aqui hoje de vermelho também produz o pão de cada dia e não veio aqui porque deram metrô de graça ou atendeu à convocação da TV a semana inteira. [Quem está aqui] sabe o que é subir um degrau na escada social.”
Mas também sobrou alfinetadas. Comparou o comportamento dos eleitores da oposição na crise a um filho mal agradecido, que joga fora a comida quando os temperos não estão do agrado. “A gente não. Na crise, junta todo mundo e come o que tem.”
O ex-presidente afirmou que vestir verde e amarelo não significa ser mais a ou menos brasileiro. “Eles vestem verde a amarelo. Mas corte uma veia deles para saber se é verde e amarelo. Eles não são mais brasileiros do que nós. Eles querem comprar roupa em Miami. A gente compra na [Rua] 25 de Março.”
Lula concluiu pedindo ao brasileiro que volte a sorrir. “Eu entrei para ajudar Dilma a reestabelecer a paz porque este País é maior do que qualquer crise do planeta. A gente tem de recuperar a alegria de ser brasileiro.”
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