Lula defende Dilma: “Fiz um ajuste mais forte em 2003”

O ex-presidente Lula participou na noite de terça-feira (31) de uma plenária organizada por diversos movimentos sociais e liderada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo. No evento também estavam presentes Eduardo Suplicy, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rui Falcão, presidente do PT, e José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras.

Em seu discurso, Lula justificou o ajuste fiscal do governo Dilma lembrando do que ele fez logo no início do seu mandato. “Eu fiz um ajuste necessário e mais forte do que esse em 2003. E agora Dilma tem necessidade de dar uma parada. Ela sabe que quando eu estava no sufoco, quem me estendeu a mão foi a classe trabalhadora, não o mercado. Dilma é produto nosso, ela tem compromisso conosco. E é por isso que querem tirar ela do governo: para tirar o povo do governo”, afirmou. Em seguida, se dirigindo aos movimentos sociais, o ex-presidente pediu calma: “Com Dilma, pode ter certeza que vocês vão conseguir negociar. Se fosse um tucano, nem em Brsília vocês chegariam”, vociferou.

Lula também falou sobre a agressividade vinda da ascensão conservadora na sociedade e a necessidade de se estabelecer um diálogo com os adversários políticos. “Pensamos diferente, mas não somos inimigos”, disse. “Até hoje não fizemos o debate correto sobre a corrupção no País. Corrupção é o tema agora. Ninguém em sã consciência deve se negar a fazer esse debate. Mas ninguém deve deixar de agradecer aos nossos 12 anos por tirar o tapete da sala e escancarar a corrupção no Brasil. Isso machuca, isso dói, mas é necessário para moralizar o país”.

Em outro momento, o ex-presidente defendeu a Petrobras: “Quero dizer aos 86 mil trabalhadores da Petrobras: se alguém fizer merda [sic], vai pagar o preço. Não é à toa que ela é uma das empresas mais respeitadas do mundo. O que incomoda a eles é a Lei da Partilha, é a soberania de um país que fez a maior descoberta de petróleo do século 21”.

Contra o golpismo

O presidente da CUT, Vagner Freitas, cuja fala antecedeu o discurso de Lula, disse que os movimentos sociais defendem o resultado das urnas das eleições presidenciais do ano passado e condena o golpismo de setores que insinuam impeachment. “Defender a democracia é também defender nossos direitos”, afirmou, logo após ter criticado as medidas de ajuste fiscal que restringem direitos dos trabalhadores, como as MPs 664 e 665, que alteram regras de seguro-desemprego e pensões, entre outros.

“Não podemos acreditar que o ajuste fiscal do Levy vai resolver os problemas do Brasil. Se não fizermos uma inversão nessa política econômica, conquistas recentes como emprego e salário vão sumir e o peão vai ficar bravo com a gente”, disse. Rui Falcão, por sua vez, salientou a importância da democratização da mídia, do fim do financiamento empresarial e congratulou Gabrielli, a quem chamou de “perseguido”.

 


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