Sob intenso bombardeio midiático, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que está em curso uma tentativa de criminalizar o PT, derrubar a presidenta Dilma Rousseff por meio de um golpe e ainda impedir que o petista volte a ser candidato. Lula falou ao jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercept, vencedor do Prêmio Pulitzer de 2014, ao divulgar as informações sobre os programas de vigilância global dos Estados Unidos pela NSA, revelados por Edward Snowden. “No Brasil não tem partido de oposição, quem faz oposição é a mídia”, disse o ex-presidente. “Estamos vivendo um momento em que o ódio é estimulado 24 horas por dia contra o PT. O partido que mais fez política social neste País”.
Na entrevista, Lula defendeu a importância da Lava Jato e ressaltou o fato de que foram os governos petistas que criaram as condições para que a operação acontecesse no País: “Foi no nosso governo que nós consolidamos a autonomia do Ministério Público, escolhendo sempre o procurador que a categoria quer que escolha, fomos nós que fizemos a Polícia Federal funcionar, investindo muito na contratação de pessoas e investindo muito na inteligência e na autonomia da Polícia Federal”.
Lula fez a ressalva, no entanto, de que a Lava Jato tem sido espetacularizada pela mídia, com vazamentos seletivos contra o PT, e paralisa a economia nacional: “Será que para você fazer o processo de investigação que você está fazendo é preciso fazer disso um Big Brother, é preciso fazer disso um espetáculo de pirotecnia todo santo dia? Sem levar em conta que você pode estar condenando por uma manchete de jornal ou por uma reportagem na televisão alguém que depois venha a ser inocente? É possível analisar quanto é que está custando essa operação e, ao mesmo tempo quanto é que ela vai reverter aos cofres públicos e quanto ela está custando ao Brasil? Quanto que essa operação está implicando no custo do PIB, no custo do desemprego, na quantidade de dinheiro que deixou de ser investido neste país”.
O petista fez críticas à política econômica de Dilma, com um ajuste fiscal que teria atingido “direitos elementares dos trabalhadores”: “A única chance de reverter esse quadro é a gente apontar com uma política econômica que gere expectativa e esperança para a sociedade brasileira. (…) Tem que ter uma política econômica voltada para estimular o financiamento, o crédito, o consumo, a micro-indústria, a média-indústria, ou seja, fazer algo que faça a roda gigante girar para frente”.
Lula também se colocou contra a Lei Antiterrorismo, proposta pelo governo Dilma e aprovado no começo deste ano. “Houve um exagero. Aqui as pessoas não têm o hábito de terrorismo. Mas esse poder de espionagem que o governo brasileiro hoje tem é muito perigoso. Eu não gosto disso, tenho muito medo de você transformar o aparelho de estado, sobretudo o aparelho policialesco do estado que é muito forte, eu tenho medo. Porque isso se volta contra a democracia, isso se volta contra as instituições democráticas”.
Assista à entrevista na íntegra:
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