Às vésperas da votação decisiva do impeachment no Senado, um novo vazamento envolvendo a candidatura da presidenta afastada, Dilma Rousseff, ganhou o noticiário na noite de quinta-feira (21). O publicitário João Santana e a mulher, Mônica Moura, teriam admitido em audiência com o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal em Curitiba, que receberam do PT cerca de US$ 4 milhões em propina pela campanha presidencial de 2010.
O PT não teria saldado uma dívida com o casal pelos serviços prestados naquela campanha. Como solução, teria sugerido que o então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, saldasse o débito com dinheiro desviado da Petrobras.
Embora a notícia tenha sido veiculada com estardalhaço, a informação teria pouco efeito legal sobre a votação no Senado, uma vez que os parlamentares votarão outra acusação, a de que Dilma cometeu crime de responsabilidade por atrasar pagamentos a bancos públicos, as chamadas pedaladas fiscais. Sobre esse caso, o Ministério Público Federal já disse que o crime foi fiscal e não de responsabilidade, o que isentaria Dilma da cassação do mandato, conforme a Constituição, o que não significa que os senadores absolverão a presidenta.
Mesmo que a nova denúncia estivesse sob o escrutínio do Parlamento, o atual mandato presidencial só poderia ser responsabilizado se o crime tivesse sido cometido na campanha que a reelegeu, em 2014.
Aliados do governo afastado acreditam em mais um vazamento seletivo, escolhido menos por sua eficácia legal e mais pelo potencial de mobilizar a opinião pública a nove dias das manifestações contra e pró-impeachment, marcadas para o domingo 31 de julho.
Além da proximidade da votação do impeachment, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, previu, em janeiro, que a Corte julgaria até o final do primeiro semestre a ação do PSDB que pede a impugnação dos mandatos de Dilma e Temer por suposto abuso de poder político e econômico, mas na eleição de 2014.
O prazo não foi cumprido, mas espera-se que a ação, relatada pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, seja julgada a qualquer momento. Também neste caso, as afirmações de João Santana e Mônica Moura não poderiam influenciar essa representação, além da suposta pressão popular.
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