Nem impeachment nem renúncia. A alternativa para o Brasil sair da crise é uma só: condições para a presidenta Dilma Rousseff governar. É o que acredita o ex-ministro e filósofo Mangabeira Unger em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Mais: para ele, Dilma é a figura mais honesta na chefia de Estado desde o início da República.
O filósofo acredita que a renúncia seria menos “danosa” para a democracia do que o impeachment, mas que essa também não é a melhor alternativa. “O melhor para o País é que a presidente seja resguardada no exercício do seu mandato, mas que, em seguida, reoriente radicalmente o seu governo. Que chame os melhores”, afirmou.
Ele acredita que as tais pedaladas fiscais – uso de dinheiro de bancos públicos para bancar programas sociais – são insuficientes para enquadrá-la em crime de responsabilidade. “Práticas fiscais usadas por todos os presidentes recentes não podem servir para derrubar presidente.”
Para Unger, que foi ministro tanto de Dilma quanto de Luiz Inácio Lula da Silva, a presidenta não pode ser confundida com corruptos. “Conheço Dilma Rousseff há mais de 30 anos”, recorda-se. “Como todos nós, ela é cheia de defeitos, mas é uma pessoa íntegra e ilibada. Desde Prudente de Morais (1894-1898), não vemos tanta severidade moral na pessoa do chefe de Estado.”
Para o pensador, a “onda contra Dilma” foi embrulhada em “ódio e frustração no manto do moralismo”: “A onda passará e deixará um gosto amargo na boca da nação. Não há atalhos para construir o Brasil.”
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