Manifestação contra o governo reza Pai Nosso na Avenida Paulista

Paulista recebe marcha da insensatez - Foto: Vinícius Mendes/Brasileiros
Paulista recebe marcha da insensatez – Foto: Vinícius Mendes/Brasileiros

Cerca de dez mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram de uma manifestação contra o governo de Dilma Rousseff e contra o Partido dos Trabalhadores (PT) na Avenida Paulista e na Praça da Sé, região central de São Paulo, na tarde deste sábado (15). Em um dos ápices do protesto, um dos líderes do Movimento Brasil Livre, que organizou o encontro no Facebook, disse que o Brasil “é um País cristão” para, logo em seguida, chamar um padre, que rezou “Pai Nosso”. Durante seu discurso, o sacerdote ainda disse que a Marcha para a Família com Deus, de 1964, que precedeu o golpe militar daquele ano, “não foi um erro”, palavras aplaudidas pelos manifestantes que fecharam as duas pistas da avenida e ocuparam o vão do Masp.

O protesto, que tinha 149 mil pessoas confirmadas no Facebook, foi repleto de confusões. Primeiro, os quatro carros de som que foram alugados por diferentes grupos organizadores da marcha passaram boa parte do encontro duelando por quem falava mais alto. Em vários momentos, um discurso sobrepunha o outro, até que o empresário Marcelo Reis, num tom mais agressivo, disse que as caixas do veículo dele eram melhores. Ele também repreendeu um outro carro, que abandonou a concentração no Masp para ir em direção a Praça da Sé. “Eu não me responsabilizo por vocês. Se encontrarem o pessoal do MTST lá, vai ter confusão”, advertia.

Em cima do carro de som, a suposição de um encontro com os membros do grupo de movimento sem teto da cidade não era vista como um problema. “Eu quero mais é que a gente se encontre mesmo”, disse à Brasileiros um dos rapazes mais enérgicos do veículo

Depois, quando a maioria das pessoas decidiu seguir os carros em uma passeata que andou até a Fundação Cásper Líbero e desceu a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, um grupo de quatro pessoas, supostamente contrário ao protesto, teve que pedir ajuda da Polícia Militar para atravessar a rua. Manifestantes tentavam agredi-los e, impedidos pelos PMs, falavam impropérios aos indivíduos. Em seguida, quando a manifestação se deparou com uma placa pendurada na sacada de um apartamento que dizia “bando de alienados”, uma das lideranças do carro pegou o microfone para dizer que “os petistas são o pão com mortadela”, que o “pessoal da esquerda do PCO não enche uma Kombi” e chegou a xingar a presidenta Dilma com palavras de baixo calão. 

Uma das manifestantes, a farmacêutica Ana Paula Maz, de 40 anos, que segurava uma faixa dizendo que o Brasil “não vai virar uma Venezuela”, disse que foi protestar contra a corrupção que ela vê na imprensa. “Eu acompanho muito essas coisas. Esse ‘Petrolão’ mesmo, eu vi que já começaram a prender os empresários envolvidos. Eu sou contra a parte extremista do PT que defende governos bolivarianos e manda dinheiro para Cuba, Bolívia e Venezuela. Eu sou a favor da meritocracia, não acredito nessa coisa de que todo mundo tem que ser igual”, argumentou.

O empresário Carlos Cavala, de 50 anos, no entanto, foi mais profundo. Segurando uma placa que pedia “Liberdade, democracia e intervenção”, ele reclamou que o povo brasileiro não sabe votar e que somente uma intervenção dos militares seria suficiente para o desenvolvimento do País. Ele também disse que acredita que esse processo demoraria, em média, o mesmo tempo que durou a ditadura militar iniciada em 1964. ““As pessoas costumam confundir intervenção militar com golpe militar, levando para o lado da ditadura, e não tem nada a ver uma coisa com a outra. A intervenção militar é um direito de todo cidadão brasileiro. É a mesma coisa que você ter uma empresa mal gerida, e os acionistas intervirem para resolver o problema. Pedir intervenção militar é pedir que os militares rirem esse governo corrupto e coloque o país nos trilhos novamente”, afirmou. “Seria uma coisa demorada para desfazer todo o estrago que os comunistas do PT fizeram, assim como foi em 1964. Deveria ser algo rápido naquele ano, mas o povo brasileiro não estava apto para viver em uma democracia. Acontece a mesma coisa hoje. Se tiver uma intervenção militar amanhã e daqui seis meses convocarem eleições, vão votar no Tiririca ou em qualquer outra pessoa. Não temos condições de viver em uma democracia ainda. Então, seria uns vinte anos de intervenção militar”, completou.

Além de cartazes pedindo o impeachment de Dilma Rousseff e cobrando investigações no Estado brasileiro, alguns protestantes balançavam bandeiras da campanha da candidatura à presidência de Aécio Neves (PSDB). Procurado pela reportagem, o partido não se manifestou.

Bolsonaro popstar e ausência de Lobão

Dois dos principais líderes do movimento tiveram momentos distintos neste sábado. O cantor e compositor Lobão, que organizou a manifestação e chegou a realizar encontros online com críticos do governo, como o escritor Olavo de Carvalho, abandonou o protesto no início e voltou quando as pessoas já estavam se dissipando, na Praça da Sé. Em sua conta do Twitter, ele reclamou dos “cretinos da extrema direita” que foram ao encontro. “Um monte de gente indo embora desapontadíssima com essa invasão de cretinos da extrema direita”, postou ele. “Esses cretinos pedindo por intervenção militar são verdadeiros usurpadores da vontade do povo. Queremos o impeachment da Dilma!”, escreveu em seguida.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) teve dificuldades para cruzar um espaço pequeno entre um carro de som e outro. Rodeado por pessoas pedindo selfies e autógrafos, ele respondeu algumas perguntas da reportagem de Brasileiros enquanto caminhava pela multidão. Disse que o movimento tende a aumentar, que quer que o PT “pare de enviar dinheiro para Cuba” e, questionado sobre a arma que carregava na primeira manifestação, no dia 1 de novembro, revelou que foi elogiado pela atitude. “Nenhum [problema em ter ido armado ao protesto]. Na verdade eu recebi muitos elogios. Acho que um policial tem mais é que andar armado mesmo. Policial que anda desarmado é que está errado”, disse. “O policial é policial 24 horas por dia. Cerca de 70% dos policias em São Paulo são mortos fora do horário de serviço”, completou.

Atualizada às 0h15


Comentários

4 respostas para “Manifestação contra o governo reza Pai Nosso na Avenida Paulista”

  1. Defendo a intervenção militar, o impeachment da presidente, há meritocracia e o direito de não concordar com o comunismo ou qualquer forma de aparelhamento da sociedade brasileira. Parabéns há todos que estiveram na manifestação, viva a contra-revolução de 64!

  2. Avatar de Carlos Augusto
    Carlos Augusto

    “Eu quero
    – Liberdade!
    – Democracia!
    – Intervenção Já!!”

    Essas palavras são o resumo dessas manifestações, sem mais.

  3. Rezaram o “Pai Nosso”???? E a direita individualista ainda sabe qual o significado da palavra Nosso???? Eles entendem o “Não nos deixem cair em tentação???”.. Se entendem, por que estão caindo na tentação de pedir a volta dos militares????

  4. O jornalista que escreveu o texto, parece que nem esteve lá, não é ? Não foi o povo que fez questão de rezar, houve a presença de um Padre e no seu discurso ele pediu que antes de tudo, que rezassemos ! Bem diferente do que vc disse. O Movimento foi formado pelos Revoltados OnLine e alguns outros grupos juntaram-se a eles, no entanto a Intervenção Militar está contra os interesses da maioria dos grupos. A luta é para anularmos as eleições que ocorreram e solicitar o impedimento da presidente dilma, bem como o Fora PT da nossa Pátria Amada, Brasil.
    Quando o jornalismo aprender a fazer uma matéria de campo de verdade, vai fazer direito,~lamento, mas esse artigo não está correto e traz informações distorcidas ao povo e leitor.

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