Demorou, mas Renan Calheiros (PMDB-AL) desembarcou do governo de vez. O presidente do Senado era o aliado mais poderoso da presidenta Dilma Rousseff durante todo o processo de impeachment, mas, faltando alguns dias para a primeira votação do processo pelo plenário da Casa, ele decidiu se juntar ao vice-presidente, Michel Temer, presidente licenciado de seu partido.
O racha definitivo teria sido a suposta manobra do governo para derrubar o resultado do impeachment por meio de uma canetada do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), convencido a derrubar a votação do dia 17 de abril pelo governista Flávio Dino (PCdoB), governador maranhense.
Renan ficou irritado e simplesmente desautorizou Maranhão, dando prosseguimento ao rito do impeachment. Desde então, colou em Temer. Ontem, os dois se reuniram. O presidente do Senado saiu do encontro prometendo concluir a votação sobre o impeachment ainda hoje.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (11), Renan previu sua futura relação com Temer: “Terei a mesma relação com Temer que tive com Dilma”, disse. Ele negou que sua proximidade com Temer se deva à intenção de indicar aliados no novo governo. “Considero incompatível que um presidente do Senado participe da formação dos governos. Até 1º de fevereiro [fim de seu mandato como presidente da Casa], eu vou ajudar institucionalmente, mas não devo participar do governo.”
Se a previsão se confirmar e Dilma cair, ela ficará afastada por até 180 dias, período em que o Senado vai discutir se, de fato, Dilma cometeu crime de responsabilidade ao editar seis decretos e créditos suplementares sem o aval do Congresso e do Tesouro Nacional, o mesmo feito por Temer quando assumiu a cadeira da presidenta.
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