Se o namoro vai engatar não dá para dizer, mas o PT está tentando retomar sua antiga relação com o dinheiro. O primeiro passo foi dado em abril, quando o diretório nacional decidiu não aceitar mais doações de empresas. Agora, o partido acaba de lançar uma plataforma online para doações particulares, com valor mínimo de R$ 25 e máximo de R$ 5 mil, por meio de cartão de crédito.
A iniciativa de arrecadação online, com o mote “Seja Companheiro”, tem ampla aprovação entre os participantes do 5º Congresso do PT, em Salvador. Afinal, além da possibilidade de fortalecer o caixa do partido, lembra sua origem, nos anos 1980, quando festas, rifas e venda de broches em formato de estrela eram fundamentais para os cofres petistas.
Por outro lado, as doações de empresas, origem das denúncias de corrupção que assombram o partido, geram controvérsia entre os petistas reunidos em
Salvador. A decisão de proibir esse tipo de arrecadação deveria ser sacramentada durante o congresso, mas vai ficar para debate posterior, até porque é tema de uma Proposta de Emenda Constitucional de Reforma Política em tramitação no Congresso.
Em tentativa de romper com a conturbada relação com empresas doadoras, o presidente do PT, Rui Falcão, começou a investir em outra frente, mesmo antes de embarcar para Salvador. A ideia é “apertar” deputados, senadores, ministros, para que coloquem em dia a contribuição obrigatória, em torno de 15% do salário. O filiado comum contribui com R$ 15 reais por semestre.
“Por que as pessoas deixaram de contribuir? Pensam que, se o partido recebe R$ 1 milhão de uma empresa, seus R$ 15 pouco contam”, diz Rui Falcão. No segundo dia do Congresso, Lula defendeu a contribuição individual, mas ressaltou que se o partido precisasse recorrer de novo a doações empresariais, deveria fazer isso de “cabeça erguida”. De qualquer maneira, a relação do PT com o dinheiro já está mudando. Os custos do congresso, previstos em R$ 4,5 milhões, foram reduzidos para R$ 2 milhões. Os cortes começaram pelo frigobar dos 756 delegados presentes ao encontro. Quem consumir, paga do próprio bolso. Mas não é assim que funciona?
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