“Nada é mais previsível que golpe não ser chamado de golpe em um País no qual ditadura não é chamada de ditadura e violência não é chamada de violência.” A frase é do filósofo e escritor Vladimir Safatle, para quem o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff não é apenas um golpe, “mas um golpe tosto”.
O intelectual, que escreveu artigo nesta sexta-feira (15) para a Folha de S.Paulo, o impeachment está viciado desde a começar por quem o defende no Congresso. “Um impeachment cujo processo é comandado por um réu que toda a população entende ser um ‘delinquente’ (como disse o procurador-geral da República) lutando para sobreviver à sua própria cassação é golpe.”
Ele cita Michel Temer “um vice-presidente que cometeu as mesmas práticas” que podem levar ao afastamento da presidenta. O mesmo Temer que “agora quer se apresentar como líder de um governo de ‘salvação nacional’”: “Não é apenas golpe, mas golpe tosco e primário.”
Para o filósofo, “o Brasil não terá mais governo” a partir de segunda-feira (18) se o impeachment vingar. “Na democracia, o que diferencia um governo do mero exercício da força é o respeito a uma espécie de pacto tácito no qual setores antagônicos da população aceitam encaminhar seus antagonismos e dissensos para uma esfera política.”
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