A 24ª fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira (4) mira o imóveis do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Nomeada Aletheia, em referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”, a operação conta com 200 policiais e 30 agentes da Receita Federal e ocorre em três Estados, SãoPaulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Alvo de um dos mandados de condução coercitiva, Lula foi levado para a base da PF no Aeroporto de Congonhas para prestar depoimento.
Esta fase apura se empreiteiras o pecuarista José Carlos Burlai favoreceram Lula com o sítio em Atibaia e o triplex no Guarujá. Lula nega as acusações.
PF e Receita cumprem 44 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para a delegacia a fim de prestar depoimento e depois é liberada. As medidas estão sendo cumpridas nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e da Bahia. A operação também inclui buscas em Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri e Atibaia.
A 23ª fase, batizada de Acarajé, foi deflagrada no dia 22 de fevereiro e prendeu o marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana, e sua mulher, Monica Moura. Ambos são suspeitos de receber US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior.
A PF emitiu uma nota comentando 24ª fase. Leia íntegra:
“Estão sendo cumpridos, nesta data, mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e pessoas associadas.”
Delação
Essa nova fase da Lava Jato ocorre após a revista IstoÉ publicar suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral, cujo conteúdo aponta que tanto Lula com a presidenta Dilma Rousseff sabiam dos desvios financeiro ocorridos na Petrobras. Ainda nesta quinta-feira (3), o próprio Delcídio divulgou nota desmentindo o conteúdo da reportagem.
O senador disse que não confirma o conteúdo publicado em reportagem da IstoÉ, não reconhece a autenticidade dos documentos apresentados pela reportagem e que não foi procurado pela revista para se pronunciar.
Delcídio do Amaral foi preso pela Operação Lava Jato após apresentação de uma gravação em que ele oferece R$ 50 mil por mês e um plano de fuga ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para que este não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público. O senador ficou preso por mais de 80 dias. No dia 19 de fevereiro, o senador passou, por determinação judicial, a cumprir o recolhimento domiciliar noturno e nos dias de folga.
Leia íntegra da nota:
“Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o senador Delcídio Amaral e sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o senador Delcídio nem sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestar sobre a fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República. Senador Delcídio Amaral Antônio Augusto Figueiredo Basto”
Cardozo
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta, logo após tomar posse no cargo, que um eventual aditamento ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, já em tramitação na Câmara dos Deputados, com informações da suposta delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), tornaria o processo ilegal.
“Não existe possibilidade de aditamento [acréscimo de informações a um documento para esclarecer ou inserir novos dados] no pedido de impeachment. Quem for tentar fazer isso incorre em uma ilegalidade”, afirmou Cardozo. “Se o processo foi desencadeado a partir de uma suposição, um aditamento em uma fase posterior parece quinquilharia, um vicio insanável de procedimento. Mas vamos aguardar. A vida ensina que cada dia deve ser vivido na sua intensidade e com seus problemas”, acrescentou o ministro.
Para Cardozo, a oposição está com “uma ideia fixa” em relação ao impeachment. “Insisto que parte-se de uma conclusão, de que se quer o impeachment, e [depois] buscam-se os fatos. Há pessoas da oposição que me lembram aquele personagem do Asterix, o Ideiafix. Eles querem a qualquer preço o impeachment. Então, qualquer fato que aparece na rua eles querem pegar para juntar. Garanto que esse fato não sobrevive”, argumentou o ministro. O personagem Ideiafix, citado pelo ministro, faz parte de uma série de histórias em quadrinhos criada na França por Albert Uderzo e René Goscinny, em 1959.
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