“(É preciso) desfazer a noção equivocada de que o combate firme ao crime e o respeito aos direitos humanos são excludentes. Não são.” Com essa frase, o novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, assumiu o cargo nesta quinta-feira, dia 22, substituindo Antonio Ferreira Pinto.
A afirmação ganha relevância em um momento em que a Polícia Militar é acusada de diversos abusos no combate à onda de violência. Os casos de homicídios dolosos na capital subiram 92% no mês de outubro em relação ao mesmo mês de 2011. Entre a noite de quarta e a manhã desta quinta, ao menos dez pessoas morreram e 18 foram baleadas na Grande São Paulo.
Na passagem de bastão entre os secretários, Ferreira Pinto – que caiu por ser considerado pelo governo incapaz de controlar as polícias Civil e Militar e de estancar a escalada dos homicídios – afirmou que deixa o cargo com a sensação de dever cumprido, já que atuou fortemente no combate ao crime.
O novo homem de Alckmin e a “focinheira” na PM
Grella, que elogiou a gestão anterior, recebeu a incumbência de botar uma “focinheira” na PM (em termo que está sendo usado dentro do Palácio dos Bandeirantes). Corre a informação de que Alckmin teme que seu governo passe para a história como truculento e letal.
Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da PUC de Campinas, em 1979, Grella ocupou os cargos de procurador da Fazenda Nacional e procurador do Estado de São Paulo (1981-1984), atuou nas equipes de Repressão a Estelionato e outras Fraudes, Repressão a Delitos Diversos, além do Núcleo de Controle e Regularização do Parcelamento do Solo Urbano.
“As instituições policiais terão em mim o primeiro aliado na defesa permanente das carreiras policiais do Estado de São Paulo”, disse, ao tomar posse. Ele espera melhorar a imagem das polícias junto à opinião pública, graças à interlocução que acumulou com entidades da sociedade civil ao longo da carreira. Para isso, sua fama de conciliador foi levada em conta.
Nomeado chefe da Promotoria pelo ex-governador José Serra em 2008 e reconduzido ao cargo em 2010, é conhecido por ser discreto e técnico. “Um diplomata do Ministério Público”, disse Serra a aliados, no fim de sua gestão.
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