A capa do jornal norte-americano The New York Times da sexta-feira (15) destaca que a presidenta Dilma Rousseff está sendo julgada por políticos que estão longe de ser irrepreensíveis, pois ou são alvos de escândalos de corrupção, ou foram processados por acusações graves.
Entre a lista dos nomes evocados pelos jornalistas Simon Romero e Vinod Sreeharsha está o presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na origem do processo de impeachment é “processado pelo Supremo Tribunal Federal por ter supostamente embolsado milhões de reais em “suborno”.
Também aparece na matéria o nome do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), “tão ocupado com seus próprios escândalos que é comumente lembrado pelo slogan ‘rouba, mas faz’”. O jornal comenta que o deputado se diz indignado com toda a corrupção no Brasil, embora seu nome tenha sido incluído na lista de “procurado pela Interpol” por supostamente ter recebido “mais de US$ 11,6 milhões em propina”.
De acordo com a análise do NYT, Dilma faz parte de uma categoria rara dos políticos brasileiros, pois “não é acusada de ter ‘roubado’ para si própria, ao contrario de parte daqueles que a acusam”.
Os jornalistas citam na matéria dados compartilhados pela ONG Transparência Brasil, segundo o qual “60% dos 594 membros do Congresso são processados por graves acusações como remessas ilegais de dinheiro para o exterior, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, rapto e homicídio”.
Trata-se então, de acordo com jornalistas, de “um debate nacional sobre a hipocrisia entre líderes brasileiros”. “Alguns dizem que o impeachment tem menos a ver com a luta contra corrupção do que com a vontade dos legisladores de tomar o poder”, comentam.
Quanto à Dilma, os jornalistas dizem que “ninguém pode contestar que ela é muito impopular no País”, uma vez que sua gestão registra “a pior crise econômica em décadas, passa por um gigante escândalo de corrupção envolvendo a estatal de petróleo e de ter devolvido milhões de brasileiros da classe média à pobreza”.
De acordo com o jornal, parte da estratégia da defesa da presidenta é justamente o descrédito dessas pessoas que pedem o impeachment: “Dilma e seus apoiadores questionam como o processo de impeachment pode ser dirigido por alguém que vai ser julgado por corrupção [a exemplo de Eduardo Cunha]”.
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