Se por um lado o Brasil parece dividido sobre o impeachment nas ruas, no Parlamento ele prospera. Faltando cinco dias para a votação do processo envolvendo a presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, PP, de Paulo Maluf, PSD, de Gilberto Kassab, e PRB, partido da Igreja Universal, decidiram abandonar de vez o governo e se juntar ao PMDB do vice Michel Temer para apoiar a deposição da petista.
Ficou para a história a cena de Edir Macedo, chefe da Universal e homem por trás do PRB, cumprimentando Dilma antes de ela subir a rampa do Palácio do Planalto para receber a faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Também vai para os livros o embarque de Maluf no panteão petista em foto em que cumprimenta Lula e o então futuro prefeito de São Paulo Fernando Haddad na campanha de 2012.
Até Kassab, o arqui-inimigo do PT em seus anos de prefeito da capital paulista, virou aliado federal. Ganhou o Ministério das Cidades, mas não manteve a fidelidade de seus parlamentares, que – mais afinados com a direita – boicotaram projetos do governo e agora optam pelo impeachment. Difícil mesmo era acreditar na fidelidade do PSD, criado sob a inspiração do PMDB e sua vocação para cargos. Kassab nem pestanejou em abandonar seu padrinho político, José Serra (PSDB), quando Dilma venceu as eleições.
Na reta final do impeachment, o PT paga por não ter defendido uma reforma política que revisse a necessidade de que o presidencialismo de coalizão fosse a única alternativa para a governabilidade.
Diante da alta popularidade do PT nos tempos de Lula presidente, partidos como esses se aproximaram do governo travestidos de social democratas. Agora, que os tempos de vacas magras chegaram, sobram os ossos que acabarão roídos pelas legendas de sempre: PT, PCdoB, PDT e PSOL – os únicos que, com os nanicos PTdoB, PTN e PEN, devem votar unanimemente pela permanência de Dilma no poder.
Deixe um comentário