O túmulo de Bolsonaro

O deputado conservador Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Foto: Reprodução/Facebook
O deputado conservador Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Foto: Reprodução/Facebook

Em 1946, o francês Boris Vian (1920-1959) foi desafiado pelo editor Jean d’Halluin: descobrir um best-seller americano. Assumiu o compromisso para si e, durante 15 dias, Vian escreveu alucinadamente o romance Vou Cuspir no seu Túmulo, carregado de erotismo, violência e racismo. O tema central é a vingança do personagem Lee Anderson, que tem sangue negro, mas pele e cabelo claros, pelo assassinato de seu irmão mais novo por ele ter feito sexo com uma mulher branca. O cenário era a sociedade americana dos anos 1950.

Neste Brasil de 2016, o preconceito persiste e, pior, parece crescer. O deputado Jair Bolsonaro, homem de posições perigosas, deu um show de horror na Câmara, no último domingo, ao dedicar seu voto em favor do impeachment da presidenta Dilma Roussef ao coronel Brilhante Ustra -mais que torturador, o comandante das torturas durante a ditadura militar do governo Médici (1970-74). Entre suas práticas, o choque elétrico na vagina de suas vítimas.

O também deputado Jean Wyllys, parlamentar que deu o voto contra o impeachment imediatamente depois de Bolsonaro, rebateu o discurso do “colega”. Depois, seguiu-se o episódio do cuspe, que não tinha nada a ver com os votos. Jean Wyllys diz que foi ofendido por Bolsonaro com insultos homofóbicos. Ele nega.

Como se sabe, Bolsonaro, além da infeliz homenagem que fez no último domingo, é velho conhecido por suas declarações racistas e homofóbicas. Dois anos atrás, por exemplo, em discurso no plenário da Câmara, ofendeu a deputada e ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário – e de quebra todas as mulheres – ao dizer que “não a estupraria porque ela não merecia”.

Como lembra Luiza Villaméa, repórter especial da Brasileiros, em 1964 houve fato semelhante em sessão legislativa, aquela que depôs João Goulart e abriu caminho para a ditadura. No texto Uma farsa no Congresso e duas cusparadas cívicas, ela conta os motivos que levaram o deputado Rogê Ferreira a dar duas “cusparadas cívicas” em Auro de Moura Andrade, que presidia o Congresso.

Jean Wyllys é autor da terceira cusparada cívica na história do País.

E Bolsonaro que torça para não ter o seu túmulo também alvejado por cuspes.


Comentários

3 respostas para “O túmulo de Bolsonaro”

  1. Avatar de Rodrigo Ferraz
    Rodrigo Ferraz

    Bolsonaro foi brilhante em seu voto, levantou a discussão sobre a verdadeira história do passado do Brasil, trouxe o Foro de São Paulo para a discussão, o kit gay, lembrou do trabalho surpreendente de Cunha à frente do impeachment na Câmara. Se mostrou junto de seu filho, Eduardo Bolsonaro, e de Feliciano o lado certo que o Brasil deve seguir, rumo à direita. Vá chorar em outro lugar, na Internet , a maioria esclarecida não vai permitir. Chega!

  2. Avatar de Adecir Soares Camargo
    Adecir Soares Camargo

    NÃO SERIA UMA AMEAÇA DE MORTE CONTRA O BOLSOMITO? ESSE É O AMOR DOS PeTeBAS? E PODEM CHORAR, A MAMATA ESTA ACABANDO, PROCUREM OUTRA COISA PRA MAMAR.

    E VIVA BRILHANTE USTRA, MAIOR HERÓI NACIONAL.

  3. Avatar de mhenriquecd
    mhenriquecd

    mimimi, ninguém lembra que um deputado do Psol que homenageou Mariguela, um assassino treinado em cuba que botou terror no brasil
    O problema da esquerda é que o Bolsonaro não apoia a a mesma ditadura que vocês apoiam

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