Entre os vários líderes dos diversos movimentos que foram às ruas neste domingo (15) para protestar contra o governo federal, um carro de som – o do S.O.S Forças Armadas – reuniu figuras controversas: o padre Carlos Maria Aguiar, líder da Liga Cristã Mundial, entidade ligada a Igreja Católica, e vários oficiais da reserva do exército que, segundo diziam como argumento para subir no automóvel, “foram combatentes durante a revolução de 1964”.
Entre eles, o ex-agente do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), Carlos Augusto Alberto, citado na lista de torturadores do regime militar brasileiro (1964-1985) da Comissão da Verdade e personagem da reportagem de Brasileiros em março do ano passado.
Ao microfone, o padre Carlos Maria Aguiar pediu para “Nossa Senhora Aparecida salvar o Brasil das mãos do PT” e que “o partido está trazendo o islã para o País”, tudo debaixo de aplausos dos manifestantes que rodeavam o carro. Ele defende a intervenção militar no País. “O Brasil, através do PT, está de portas abertas para os jihadistas. O governo está beneficiando – por meio do dinheiro da Arábia Saudita – os islâmicos que querem vir para o Brasil. A Liga Cristã Mundial denuncia e procura levar isso para a grande mídia e para as pessoas. Estão entrando pessoas suspeitas no nosso País, como haitianos com idade de servir ao exército, que dizem que estão aqui em busca de emprego, mas na verdade são estrangeiros islâmicos pagos pelo PT”, explicou à Brasileiros. “Estamos correndo o risco de terrorismo no Brasil desde que o PT está no poder. Na semana passada, o Lula apareceu abraçado com um senhor que é o representante do islamismo aqui. Não podemos deixar o PT ‘islamizar’ o Brasil”, completou.
Carlos Augusto, por sua vez, afirmou que a sua bandeira na manifestação era “desmascarar as comissões da verdade” que investigam os torturadores do regime militar brasileiro. O nome dele consta na lista de 377 agentes do Estado que agrediram oposicionistas do governo do exército. “Eu quero protestar contra essas comissões de ‘inverdade’, porque me colocaram nessa lista quando, na verdade, nós deveríamos ser reverenciados como heróis nacionais. Eu apenas fui um soldado que cumpri meu dever durante a revolução. Essas comissões são mentirosas”, disse à Brasileiros.
Segundo o ex-agente, “apenas uma intervenção militar” pode salvar o Brasil das mãos do PT. Ele também revelou que o exército “está acompanhando os protestos de perto e esperando o momento de intervir”. “Eu tenho muitos amigos nas Forças Armadas e eles estão apenas esperando o momento certo de intervir no País e acabar com essa roubalheira”, completou.
Manifestações
Cerca de 1 milhão de pessoas, segundo a Polícia Militar, ocuparam a Avenida Paulista e região em uma manifestação contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. A concentração do protesto foi no vão do Masp, mesmo lugar de onde saiu a marcha em favor de Dilma Rousseff na sexta-feira (13), mas ocupou quase a totalidade da avenida. Estações de metrô foram fechadas e as ruas próximas foram bloqueadas pela PM e pela CET.
Os manifestantes pediram a saída da presidenta do poder, além de contestarem a ausência dela na lista do escândalo da Petrobras, hostilizarem o ex-presidente Lula, pedirem impeachment e, ao mesmo tempo, renúncia, além do fim da corrupção e reivindicações sobre o Fies. Muito xingamentos agressivos contra Lula, outros membros do partido e à presidenta foram entoados, tanto dos manifestantes quanto dos líderes nos carros de som.
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