A edição americana do jornal britânico The Guardian publica nesta quarta-feira (31) reportagem que tenta explicar o processo de impeachment sofrido pela presidenta afastada Dilma Rousseff. De acordo com o diário, as chamadas “pedaladas fiscais” não passam de um “pretexto” de opositores para a remoção de Dilma do poder.
As verdadeiras razões para o impeachment “são políticas”, escreve o Guardian, para quem Dilma “é impopular” porque é vista como culpada pelas múltiplas crises que o Brasil enfrenta e revelou-se uma líder inepta para enfrentar os problemas. “Mas a Constituição do Brasil não permite que haja um voto de desconfiança para tirá-la do poder”, que é o argumento utilizado para justificar o impeachment.
O diário lembra que a acusação contra Dilma diz que ela tomou empréstimos de bancos estaduais, sem a aprovação do Congresso, para compensar a falta de recursos orçamentários para executar projetos. A utilização de dinheiro não previsto no Orçamento foi utilizado para financiar a agricultura familiar, o que daria uma “impressão enganosa” sobre a real situação das finanças da União.
De acordo com as explicações da presidenta, lembra o jornal, o dinheiro usado não era um empréstimo, mas transferências de recursos públicos, práticas utilizadas por administrações anteriores, embora não na mesma escala.
Lava Jato
Por trás da motivação para prosseguir com o processo estão alguns políticos “claramente motivados por um desejo de matar a investigação da Lava Jato, o que Dilma Rousseff se recusou a fazer”, diz o Guardian.
O jornal lembra que o impeachment foi iniciado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), depois que o PT se recusou a protegê-lo de uma investigação no comitê de ética da Casa. O texto diz também que conversas secretamente gravadas revelaram que o líder do PMDB no Senado, Romero Jucá, queria remover a presidenta para que a investigação da Lava Jato pudesse ser “sufocada por seu sucessor”, o hoje interino Michel Temer.
*Com Agência Brasil
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