Se os apoiadores do impeachment da presidenta Dilma Rousseff esperavam combater a corrupção com a mudança de governo, a conversa entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, acaba com essa ficção.
A conversa divulgada pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (23) compromete o governo a ponto de o ministro anunciar sua licença do Ministério do Planejamento. “Vou esperar o Ministério Público se pronunciar sobre essa questão”, disse. “O presidente entendeu a minha posição, defendo um governo de salvação nacional, separar o joio do trigo”, completou. “É um exemplo de que somos transparentes. Acho que não cometi nenhum crime naquela conversa.”
Mais cedo, em entrevista coletiva, Jucá afirmou que não se afastaria. “Não vejo nenhum motivo para eu pedir afastamento. Me sinto muito tranquilo”, disse. Em entrevista à rádio CBN, na manhã desta segunda (23), Jucá afirmou que não se referia à Lava Jato quando disse que precisava “estancar a sangria”. “Falava sobre a economia do País e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido. Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na política econômica e social para o país mudar de pauta”, disse Jucá à emissora. Mas com a divulgação total do áudio, ficou evidente a ligação com a Operação Lava Jato.
Ele continua com mandato de senador pelo PMDB de Roraima.
O presidente em exercício, Michel Temer, esteve no Congresso na tarde desta segunda (23). Reuniu-se rapidamente com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na entrada e na saída, foi recebido com gritos de “golpista”, pelo público e por servidores.
O anúncio da nova meta fiscal ficou para terça-feira (24), às 11h, informou o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Além de Jucá, outros dois ministros de Temer também são investigados pela Lava Jato: Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Governo).
Em março, Jucá foi porta-voz do anúncio de desembarque do PMDB da base do governo de Dilma Rousseff, fortalecendo o apoio ao impeachment.
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