PF investiga esquema bilionário de fraudes com terras públicas

Polícia Federal cumpre 222 mandados judiciais - Foto: Fotos Públicas
Polícia Federal cumpre 222 mandados judiciais – Foto: Fotos Públicas

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (27), uma megaoperação para desarticular um esquema de fraudes na concessão de lotes de terras públicas destinadas à reforma agrária. O prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$ 1 bi e, de acordo com a polícia, a operação foi possível graças à participação de servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), funcionários municipais, além de representantes de entidades de classe.

Entre os investigados estão Odair e Milton Geller, irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, cuja assessoria se apressou a esclarecer que, além de o ministro não ser citado no inquérito policial, não mantém qualquer sociedade empresarial ou negócio com os irmãos. Policiais estiveram na casa de Odair Geller e apreenderam documentos, mas ainda não localizaram os dois irmãos. Em conversa com o delegado-chefe das investigações, Hércules Ferreira Sodré, o advogado de Odair e de Milton garantiu que ambos irão se apresentar espontaneamente.

Duzentos e vinte e dois mandados judiciais são cumpridos em Mato Grosso, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. São 52 mandados de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão e 29 de medidas coercitivas. Cerca de 350 policiais federais participam da chamada Operação Terra Prometida – nome alusivo à passagem bíblica em que Deus promete terras ao seu povo.

Embora sem revelar detalhes como nomes e cargos, a PF adiantou que, entre os investigados há oito servidores públicos e que 80 fazendeiros podem estar envolvidos com o esquema. Durante a investigação, os policiais federais concluíram que fazendeiros e empresários adquiriam irregularmente ou simplesmente invadiam terras da União destinadas à reforma agrária, chegando mesmo a coagir e ameaçar os reais beneficiários para que vendessem ou abandonassem suas áreas.

As irregularidades eram acobertadas com a obtenção de documentos falsificados e vistorias fraudadas. Além disso, com a participação de servidores do Incra corrompidos, o grupo conseguia inserir informações falsas no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra) – o que permitia a grandes latifundiários e grupos de agronegócio, inclusive empresas multinacionais, a ocupação as terras da União.

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato e corrupção ativa e passiva. As penas podem chegar a até 12 anos de reclusão.

Procurado, o Incra informou que divulgará uma nota sobre o assunto nas próximas horas. O Ministério da Agricultura vai publicar um informe com detalhes sobre o caso, durante esta tarde. 


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