PM prende seis estudantes em novo confronto em São Paulo

Estudantes liberados do 8º D.P na noite de ontem - Foto: O Mal Educado
Estudantes liberados do 8º D.P na noite de ontem – Foto: O Mal Educado

A Polícia Militar (PM) prendeu na quinta-feira (3) e encaminhou para o 14º Distrito Policial seis pessoas, durante as manifestações de estudantes, na capital paulista, contra a reorganização escolar e o fechamento de escolas estaduais, promovida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Três presos, maiores de 18 anos ficarão detidos no 91º DP e amanhã estarão à disposição da Justiça para passar por audiência de custódia, informou a Secretaria de Segurança Pública. Os outros já foram liberados.

Pela manhã, houve protestos de um grupo de alunos na Marginal Pinheiros e em ruas da região do Butantã. Quando seguiam para a escola estadual Fernão Dias, no bairro de Pinheiros, por volta das 10h, aconteceu o primeiro confronto com os policiais. Os manifestantes se dispersaram e voltaram a se reunir nas proximidades da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Às 10h30, houve novo confronto e quatro estudantes foram detidos, um dos quais menor de idade. Acompanhado dos pais, o menor já deixou a delegacia.

Por volta de 13h, cerca de 30 estudantes chegaram até as proximidades da 14ª DP para acompanhar a situação dos detidos. A PM decidiu, então, bloquear o acesso dos estudantes ao trecho da rua em que fica o 14º DP. Os policiais ficaram enfileirados atrás de cones e de uma fita de isolamento.

Os manifestantes pediam liberação para passar e chegar até o DP, onde estavam os detidos, e gritavam palavras de ordem. A polícia começou a jogar bombas de gás, o que afastou os estudantes e eles começaram a recuar, caminhando na direção oposta ao bloqueio, por volta de 14h. A tenente Sarah de Carvalho disse que o objetivo da polícia, ao usar as bombas, era de “desinterditar a via” e afirmou que não houve agressão aos policiais por parte dos estudantes. Segundo ela, houve resistência à prisão.

Após a primeira bomba de gás, um grupo de pelo menos dez policiais passou caminhar atrás dos manifestantes pela rua Lacerda Franco até chegarem na esquina com a rua Teodoro Sampaio, onde havia uma feira livre que interditava a via. Uma estudante de jornalismo gritou aos manifestantes que os policiais estavam com bombas nas mãos. Uma confusão se formou em volta dela e ela saiu algemada, mesmo sem apresentar resistência. Ela foi levada a pé por policiais para o 14º DP. Minutos depois, mais um estudante foi preso no mesmo local, esquina da rua Deputado Lacerda Franco com a rua Teodoro Sampaio, e carregado por quatro policiais também a pé.

Já era 14h30, quando manifestantes e jornalistas seguiam os policiais e detidos na direção da delegacia. Na esquina anterior ao 14º DP, altura da rua Cardeal Arcoverde, um novo cordão de policiais começou a impedir que as pessoas passassem. Alguns policiais agiram de forma violenta. Um policial estava barrando os jornalistas, quando uma estudante de 18 anos passou por ele caminhando. Ele se virou e a pegou pelos cabelos, derrubando a jovem no chão.

Ela estuda na escola Godofredo Furtado, rua João Moura, e disse que ficou assustada com a agressão. “[Outros estudantes] me arrastaram para o lado porque eu estava muito nervosa. Não tem como não ficar nervosa. Um policial me bateu e não tinha necessidade, ele me puxou pelo cabelo e me derrubou. Foi desnecessário”, declarou.

Os dois homens e uma mulher que permanecem presos vão responder por corrupção de menor, lesão corporal, dano qualificado, resistência, desacato e desobediência, segundo informação da polícia De acordo com o delegado Jaime Pimentel Júnior, responsável pelo caso, a participação de um adolescente com eles justificou a tipificação do crime de corrupção de menores, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente: “Os maiores têm que dar exemplo para os menores e não ensinar a praticar crime”.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.