Por que convocar novas eleições é vitória do golpe

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Marina Silva defendeu o impeachment, mas gosta ainda mais da tese de novas eleições, para as quais é favorita – Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Como se fossem cânones da ética, políticos de todas as linhagens vêm engrossando o coro de que o vice-presidente da República, Michel Temer, não tem legitimidade para governar o Brasil diante da tese de que o impeachment sem um crime de responsabilidade contra a presidenta Dilma Rousseff faz dele um golpe de Estado.

Diante da ilegitimidade do vice e do “desgoverno” da presidenta, restaria a convocação de novas eleições, ideia defendida com unhas e dentes pela líder nas pesquisas eleitorais, Marina Silva (Rede), e cogitada até pelo PT, que teria no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um forte candidato.

O que pouca gente notou é que mesmo a convocação de novas eleições já seria uma vitória dos políticos – e seus eleitores – que não engoliram a derrota presidencial por uma pequena margem de votos nas eleições de 2014.

Não é novidade que “o terceiro turno” das eleições começou no dia seguinte à vitória da presidenta. A oposição aproveitou o País dividido nas urnas para tentar inviabilizar Dilma ao obstruir a pauta do governo no Congresso e a vascular em cada cômodo da República alguma denúncia que pudesse sujar a imagem da presidenta, de seu partido – há muito tempo comprometido, como seus rivais – e de Lula.

Em outra frente, pressionaram o governo a rasgar as promessas de campanha e a implementar um ajuste fiscal que só aprofundou a crise econômica – e consequentemente a política –, derrubando ainda mais a popularidade de Dilma.

A ingenuidade política da presidente-gestora, mas sem traquejo político, agora pode lhe custar a faixa presidencial. Mesmo que o impeachment ilegal não emplaque, a oposição sairá vencedora ao inviabilizar o mandato e criar as condições para que a única saída para a governabilidade seja a convocação de novas eleições: de um jeito ou de outro – e muito por inépcia de Dilma – PSDB, DEM, PMDB e companhia terão conseguido o que desejam fazer desde que um metalúrgico subiu a rampa do Palácio Planalto: varrer do pode um partido de origem popular, o que não significa que ele não possa voltar em nova campanha eleitoral disputada ainda este ano.


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