A advogada Grace Mendonça, primeira e única ministra do governo de Michel Temer, assumiu hoje a Advocacia-Geral da União (AGU) e afirmou que sua atuação será técnica. “A AGU tem buscado evitar que recursos sejam desviados, na certeza de que cada real mal aplicado implica em prejuízo direto na efetivação de políticas pública federais, e consequentemente à sociedade. Só em 2015, a atuação dos advogados públicos evitou prejuízo de R$ 51 bilhões aos cofres públicos”, disse Grace, em seu discurso de posse.
A primeira e única ministra afirmou também que o Presidente da República, Michel Temer, pode contar com sua dedicação. “Posso assegurar que o que tenho a oferecer é o meu trabalho e o meu comprometimento com a coisa pública.” Para Temer, a nova advogada-geral da União tem algo de extraordinário: “fez questão de cumprimentar todos os ex-AGUs”, falou na posse. Temer desejou que a nova advogada-geral da União esteja “muito presente na tribuna do Supremo Tribunal Federal”.
Mas o antecessor de Grace na AGU diz que a mudança de comando é uma tentativa de evitar o combate à corrupção. Para Fabio Medina Osório, o governo Temer quer “abafar a Lava Jato”, declarou à revista Veja, na sexta-feira (9). Ele alega ter sido afastado porque teria o objetivo de mover ações de improbidade administrativa contra 14 parlamentares: oito do PP (Arthur Lira, Benedito Lira, Dudu da Fonte, João Alberto Pizzolatti Junior, José Otávio Germano, Luiz Fernando Faria, Nelson Meurer e Roberto Teixeira), três do PT (Gleisi Hoffmann, Vander Loubet e Cândido Vaccarezza) e três do PMDB (Renan Calheiros, presidente do Congresso, Valdir Raupp e Aníbal Gomes). Osório acusa Grace Mendonça de ter dificultado o andamento dessa decisão. “Me parece que o ministro Padilha fez uma intervenção junto a Grace Mendonça, que, de algum modo, compactuou com essa manobra de impedir o acesso ao material da Lava-Jato”, explicou, à revista semanal.
A acusação segue na mesma linha do que denunciou o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, deputado Léo de Brito (PT-AC), na noite desta terça-feira (13). Segundo Brito, há um processo de “boicote e o governo Temer tem se negado a dar quórum à comissão, prejudicando os trabalhos de fiscalização”, afirmou à reportagem da Brasileiros.
Curiosamente, na tarde de ontem, seria discutida a convocação do ex-AGU, Fábio Medina Osório, para prestar esclarecimentos sobre a denúncia de que sua demissão seria motivada pelas investigações que propunha à Lava Jato. De acordo com o deputado Léo de Brito, há cerca de um mês a base governista vem paralisando o andamento da comissão, faltando a todas as sessões.
Procurado pela reportagem, o deputado André Moura, líder da bancada governista e que participaria da comissão, não respondeu aos pedidos de entrevista até o momento da publicação da reportagem.
Para o Ministério Público Federal, era o ex-presidente Lula o “comandante máximo” do esquema de corrupção na Petrobras, baseando-se em 14 evidências.
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