O Ministério Público Federal pediu à Justiça o bloqueio dos bens do chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e a devolução de R$ 300 mil. O ministro é acusado de ter mantido uma funcionária fantasma em seu gabinete na época em que era deputado federal. Ela recebeu salário da Câmara por quatro anos sem nunca ter trabalhado. A Polícia Federal suspeita que ela tenha sido contratada para pagar favores a um empresário.
A ação de improbidade movida pelo Ministério Público decorre uma investigação iniciada em 2008 sobre o envolvimento de agentes públicos e empresários no desvio de recursos públicos da merenda escolar em Canoas (RS). Em uma escuta telefônica da investigação, o nome de Padilha apareceu como um dos integrantes do grupo.
A investigação levou ao indiciamento do deputado pela PF em 2011, por formação de quadrilha. Mas o Supremo Tribunal Federal considerou as gravações ilegais porque não haviam sido autorizadas pela corte. Como parlamentar, ele só poderia ser investigado com o aval do Supremo.
O pedido de bloqueio de bens e a devolução do dinheiro ainda não foram aceitos pela Justiça, que aguarda parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre a continuidade do processo.
O ministro alega que, como as provas obtidas foram anuladas pelo STF, o processo não existe juridicamente. Segundo ele, a funcionária não era fantasma e trabalhava no Rio Grande do Sul, e não em Brasília.
Em palestra em São Paulo, na quinta-feira (16), Padilha sinalizou que a Justiça Federal precisa dar sinais de que a Operação Lava Jato será encerrada: “Isso tem que ser sinalizado, porque nós vimos na Itália, onde não houve essa sinalização e depois do grande benefício que veio, tiveram efeitos deletérios que nós não podemos correr o risco aqui”, afirmou.
Segundo ele, “os principais agentes da Lava Jato terão a sensibilidade para saber o momento em que eles deverão aprofundar ao extremo, e também de eles caminharem rumo a uma definição final”.
Padilha não é o único ministro que enfrenta problemas com a Justiça: Mendonça Filho (DEM-PE), Raul Jungmann (PPS-PE), Bruno Araújo (PSDB-PE) e Ricardo Barros (PP-PR) são citados na lista da Odebrecht apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março. Em janeiro, o procurador-geral Rodrigo Janot já tinha a abertura de uma investigação contra Mendonça Filho, por suspeitar que ele recebeu propina da UTC. Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) não é alvo de inquérito, mas mensagens apreendidas pela PF indicam que ele teria usado sua influência política para beneficiar a OAS. Suspeita-se que ele teria sido citado na delação de Léo Pinheiro, da OAS.
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