Embora o governo do Estado de São Paulo justifique o fechamento de 94 escolas à necessidade de implantar ensino de ciclo único, 40% das unidades escolhidas já funcionam sob esse sistema. A promessa de investir no ensino médio também não cola, sugere a Apeoesp (Sindicato dos Professores): 10% das escolas ameaçadas atendem alunos nessa fase.
As informações são de Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta da entidade, em artigo. “[O governo] diz que quer melhorar a qualidade do ensino, mas muitas escolas que serão fechadas tem médias mais altas no IDEB e no IDESP, que são indicadores de avaliação nacionais e estaduais”, diz ela.
Para a dirigente sindical, o fechamento das escolas e mudanças em outras 752 unidades “visa tão somente o corte de gastos”. A tese de que é preciso separar crianças menores de crianças maiores e separar crianças e adolescentes não careceria de “sustentação pedagógica”. “É um retorno aos tempos em que, em plena ditadura, tínhamos separados o primário, o ginásio e o segundo grau.”
Para Maria Izabel, a “reorganização escolar” vai alterar a vida de estudantes, suas famílias e professores. “Não apenas serão afetadas escolas com as quais o Governo mexe diretamente, mas toda a rede, pelo ‘efeito cascata’.”
No caso dos professores, será mais difícil compor jornada em apenas uma unidade escolar, se os professores ministrarem aulas para o segundo ciclo do ensino fundamental e no ensino médio. “Professores das escolas que serão fechadas irão disputar aulas com os colegas das demais unidades, assim como os das escolas ‘reorganizadas’. Se não conseguirem aulas, poderão ficar ‘encostados’, recebendo salários menores.”
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