Dois pesos, duas medidas. É assim que o líder do MTST, Guilherme Boulos, enxerga a do Ministério Público de São Paulo, que na noite de quinta-feira (10) pediu a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob a justificativa de que ele poderia atrapalhar as investigações sobre a suposta compra de um apartamento no Guarujá, litoral paulista.
Uma das principais lideranças sociais emergentes, Boulos se manifestou em uma rede social comparando a decisão do MP à sua atuação contra autoridades paulistas, especialmente do PSDB, no comando do Estado há 20 anos. “Escandaloso o MP-SP”, afirmou. “O mesmo Ministério Público que não indiciou os políticos envolvidos no caso do trensalão, que investiga como tartaruga a máfia das merendas e que nunca pediu a prisão de nenhum político tucano em 20 anos de governo em São Paulo, pediu hoje a prisão de Lula baseado em indícios.” Cravou.
Para ele, falta responsabilidade aos procuradores Cássio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes de Araújo, responsáveis pela denúncia. “Escandaloso! Querem incendiar o País…”
Para o Instituto Lula, os promotores usam a denúncia para “interesse político”: “O promotor paulista que antecipou sua decisão de denunciar Luiz Inácio Lula da Silva antes mesmo de ouvir o ex-presidente dá mais uma prova de sua parcialidade ao pedir a prisão preventiva de Lula”, diz a entidade por meio de nota. “Cássio Conserino, que não é o promotor natural deste caso, possui documentos que provam que o ex-presidente Lula não é proprietário nem de triplex no Guarujá nem de sítio em Atibaia, e tampouco cometeu qualquer ilegalidade. Mesmo assim, solicita medida cautelar contra o ex-presidente em mais uma triste tentativa de usar seu cargo para fins políticos”.
Oposição
Até a oposição ao governo Dilma Rousseff considerou “exagerado” o pedido de prisão. “Considerei um exagero esse pedido de prisão do Lula. Não vi razões para isso”, afirmou o presidente do PSDB e senador por Minas, Aécio Neves. Estava em sintonia com o vice-presidente e coordenador jurídico da sigla, deputado Carlos Sampaio (SP). Para ele, os promotores se precipitaram. “Com os elementos que eu detenho até agora, não havia razão para o pedido de prisão junto com a denúncia”, disse. “Os elementos não me levam a crer que ele [Lula] está conturbando a instrução criminal, que ele está interferindo no processo penal”, acrescentou Sampaio, que também é promotor de Justiça do Estado de São Paulo.
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