O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou de “desarrazoada, desproporcional e abusiva” a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir sua prisão, além da detenção do senador Romero Jucá (PMDB-RR), do ex-presidente José Sarney (PMDB) e do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Todos por suspeita de obstruir as investigações da Operação Lava Jato. No caso de Sarney, a prisão seria domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.
Em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa, Renan afirma “que não praticou nenhum ato concreto que pudesse ser interpretado como suposta tentativa de obstrução à Justiça, já que nunca agiu, nem agiria, para evitar a aplicação da lei”. O senador relembra que “já prestou os esclarecimentos que lhe foram demandados e continua com a postura colaborativa para quaisquer novas informações”.
Por essas razões, diz o texto, “o presidente considera tal iniciativa, com o devido respeito, desarrazoada, desproporcional e abusiva”. Ele escreve que o Senado tem se comportado com a isenção que a crise exige e atento à estabilidade institucional. “A Nação passa por um período delicado de sua história, que impõe a todos, especialmente aos homens públicos, serenidade, equilíbrio, bom-senso, responsabilidade e, sobretudo, respeito à Constituição Federal.”
Para Renan, as instituições devem “guardar seus limites”, em referência à força do judiciário neste momento de crise. “Valores absolutos e sagrados do Estado Democrático de Direito, como a independência dos poderes, as garantias individuais e coletivas, a liberdade de expressão e a presunção da inocência, conquistados tão dolorosamente, mais do que nunca, precisam ser reiterados”, concluiu.
O caso
Os pedidos de prisão estão há pelo menos uma semana com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal. http://old.brasileiros.com.br/2016/06/janot-pede-prisao-de-renan-juca-e-sarney/
Janot pediu também o afastamento de Renan da presidência do Senado. A alegação se baseia na delação premiada do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Gravações que Machado fez de conversas com políticos derrubaram dois ministros nos primeiros 15 dias do governo interino de Michel Temer: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência).
Machado contou aos investigadores ter pago pelo menos R$ 70 milhões a integrantes da cúpula do PMDB. Renan teria ficado com R$ 30 milhões. Enquanto Jucá e Sarney teriam embolsado outros R$ 20 milhões cada um.
Os valores, segundo Machado, foram desviados da subsidiária da Petrobras, responsável pelo transporte de combustível no País. Jucá, Renan e Sarney negaram as acusações.
Deixe um comentário