A já esperada volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo federal se concretizou nesta quarta-feira (16), após a presidenta Dilma Rousseff convidá-lo para chefiar, a partir de agora, a Casa Civil. Em sua entrevista coletiva, a presidenta afirmou que ela e Lula agem para tocar um projeto conjunto pelo Brasil e que a chegada dele fortalece seu governo. Acadêmicos entrevistados pela Brasileiros avaliaram o anúncio. Para eles, é empossar Lula em um ministério é a última saída do governo.
Para Rafael Araújo, professor de ciências políticas da PUC-SP, a escolha decorre da “incapacidade de articulação política do governo federal”. Tendo em vista o contexto conturbado do mandato de Dilma, Rafael analisa que Lula pode dar longevidade ao governo petista, que está ameaçado a chegar desestruturado às eleições de 2018. “Ele não assumir o cargo percebendo que há uma possibilidade de impeachment muito grande, ameaça o partido a não ter a maquina nas mãos em 2018 e consequentemente decretar a morte do PT. Agora parece que ele não tem mais nada a perder e vai jogar com as armas no peito”, afirma.
Já para Waldir Rampinelli, da Universidade Federal de Santa Catariana, Lula não deveria aceitar o cargo, deveria, sim, “enfrentar” a Justiça na cidade em que mora, São Bernardo do Campo. “Se o Lula for preso, vira mártir. Vão ter prendido o pai dos pobres. Quando levaram o Getúlio Vargas ao suicido, a imprensa o criticava ferrenhamente, e, após sua morte, teve que fechar suas portas com aço para não ser invadida pela população.”
Ambos concordam que a ida de Lula para a Casa Civil pode ser interpretada como uma forma de tentar fugir da Justiça, mas que não existe outra solução neste momento. “Ele não foge do julgamento, mas foge da arbitrariedade do juiz Sergio Moro”, afirma Rafael. Já Rampinelli acredita que “é o ultimo cartucho do governo, que está se defendendo e tem que usar todos os mecanismos possíveis”. Ele diz ainda que Lula conversou com outros partido da base aliada antes de assumir o cargo, e que a decisão não é só do PT.
Neste ponto, Rafael discorda. Para ele, Lula enfraquece a base aliada com seu poder de articulação. “Se o PMDB abandonar a base governista, o impeachment vai para frente, mesmo não existindo uma justificativa legal no Brasil de hoje em dia isso é possível. Existe uma fragilidade das instituições e tudo depende do jogo político. Lula é o único que pode dar longevidade a esse governo e o PMDB não vai ocupar a centralidade esperada.”
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