Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Telmário Mota (PDT-RO) e Angela Portela (PT-RR) se reuniram nesta quinta-feira (28) com o ministro Jaques Wagner (Gabinete Pessoal), no Palácio do Planalto, para entregar uma carta à presidenta Dilma Rousseff pedindo que ela apoie uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) propondo novas eleições presidenciais este ano, para um mandato-tampão de dois anos. O projeto propõe um nova eleição para presidente e vice-presidente em outubro próximo, juntamente com as eleições municipais. A posse ocorreria em janeiro de 2017, e o mandato-tampão terminaria no final de 2018.
Além de Randolfe, Telmário e Angela, a convocação de novas eleições também é defendida pelos senadores Jorge Viana (PT-RS), Paulo Paim (PT-RS), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Roberto Requião (PMDB-PR), Otto Alencar (PSD-BA). Walter Pinheiro (sem partido-BA) também defende a convocação de novas eleições, mas não assinou a carta para a presidenta Dilma solicitando o apoio do Planalto a essa proposta.
A possibilidade de convocar novas eleições foi discutida pela presidenta Dilma com o ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, no fim de semana. A líder da Rede, a ex-senadora Marina Silva, que lidera as pesquisas eleitorais, apoia a ideia, mas essa possibilidade é descartada pelo presidente do PSDB, Aécio Neves: “Não há hoje caminho constitucional que leve a novas eleições antes de 2018”, disse o tucano.
A rejeição do PSDB a essa tese pode ser explicada pelos resultados das pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do Datafolha, divulgado neste mês, o próprio Aécio aparece com 17% dos votos, atrás de Marina, com 19%, e Lula, com 21%. Aécio vem caindo sistematicamente nas pesquisas: tinha 27% em dezembro, 24% em fevereiro, 19% em março, até chegar aos 17%. O governador Geraldo Alckmin também vem caindo: ele passou de 14%, em dezembro, para apenas 9%, em abril.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse porém que é muito difícil que o Congresso aprove a convocação de novas eleições neste ano por meio de uma mudança na Constituição. “Qualquer cenário que signifique alterar a Constituição é muito difícil, estamos vivendo um momento de crise, de conturbação política, econômica, mudar a Constituição neste momento, ter três quintos dos votos na Câmara e no Senado é meio difícil”. Renan chegou a defender a realização de novas eleições como uma forma de solucionar a crise política no início deste mês, mas depois voltou atrás.
Renan se reuniu com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) nesta quarta-feira. Ele disse ao vice que é preciso superar a pauta da distribuição de cargos na administração federal: “Ele concorda com a necessidade de superarmos essa pauta de ocupação de cargos, isso é uma coisa que está sendo contrariada pela sociedade brasileira”. Segundo Renan, “é fundamental discutir cenários. A necessidade de fazer mudanças reformas institucionais, essa questão do Banco Central, se vamos ter um Banco Central independente ou não; se vamos fazer a reforma política, a reforma fiscal, quais mudanças virão ou não virão. Isso é que tem que dominar o noticiário”.
Renan afirmou ainda que, como vai presidir a sessão no plenário que vai analisar a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, não irá votar na ocasião, prevista para o dia 11 de maio: “Na primeira etapa, não vou votar e não devo votar, porque a isenção que o cargo requer, para que eu tenha condição de continuar conversando com todo mundo, não me permite ter lado”.
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