Serra se aproxima de Temer, enquanto Aécio torce o nariz

Os aliados de longa data, Serra e Temer - Foto: EBC
O senador José Serra (PSDB-SP) conversa com o vice-presidente Michel Temer – Foto: EBC

A participação do PSDB em um eventual governo Michel Temer já divide os líderes do PSDB. O senador José Serra (PSDB-SP) se antecipou, ao dar apoio aberto ao peemedebista no mês passado, e despontou como o principal representante do partido na coalizão liderada pelo peemedebista. 

Serra é cotado inclusive para ocupar o Ministério da Fazenda, caso o impeachment da presidenta Dilma Rousseff seja aprovado. O problema é a disposição do tucano em disputar novamente a Presidência, o que poderia dificultar a aprovação de medidas de ajuste no Congresso Nacional.

Depois de ter apostado suas fichas numa decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na cassação da chapa Dilma-Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) agora admite apoiar o peemedebista em torno de um “programa mínimo” de emergência, sem se comprometer em ocupar cargos. Para ele, a participação dos tucanos no ministério não deveria ser a prioridade do partido.

Talvez Aécio ainda espere uma decisão desfavorável a Temer no TSE, mas é possível que sua principal dificuldade resida no fato de que, no final das contas, sua adesão chegou demasiado tarde. 

As declarações de Aécio sobre Temer são sempre ambíguas. Em entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o senador declarou: “Caberá ao vice-presidente Michel Temer, se assumir a Presidência da República, se colocar à altura desse desafio”. Ora, se o peemedebista precisa “se colocar” à altura do desafio, então talvez ele não esteja preparado para ocupar o cargo.

O governador paulista Geraldo Alckmin, terceiro pré-candidato do PSDB à Presidência, vem se mantendo em silêncio. No ano passado, quando o impeachment parecia iminente, Temer se reuniu com Alckmin e fez questão de elogiar publicamente o governador.

A resposta de Alckmin veio nesta semana. Em entrevista ao programa Pânico no Rádio, Alckmin prometeu apoiar Temer, mas disse que este precisa realizar uma reforma política: “Tem uma crise política que não vai acabar com o impeachment”, pois é impossível governar com 28 partidos no Congresso. Questionado se pretende concorrer à Presidência, Alckmin deixou claro: “Se eu disser que não tenho nenhuma aspiração, ela [a frase] não é verdadeira”.

Essa aspiração talvez leve o governador a se filiar ao PSB. Ao impor a candidatura de João Dória à Prefeitura de São Paulo, Alckmin descartou abertamente qualquer acordo com José Serra, Aécio Neves ou Fernando Henrique Cardoso. É um sintoma do agravamento das divisões no PSDB. Rachado, o apoio do partido a um eventual governo Temer será bem mais instável do que gostaria o peemedebista.    


Comentários

Uma resposta para “Serra se aproxima de Temer, enquanto Aécio torce o nariz”

  1. Geraldo Alckmin, sem dúvida, é um dos políticos mais experientes e de maior destaque do país. Dirige o principal Estado da nação pela quarta vez. Foi reeleito no primeiro turno com uma votação muito expressiva. Perdeu em apenas um município dos 645. Foi também vereador, prefeito, Deputado Estadual e Federal. Sua trajetória o credencia a disputar qualquer cargo. Se Alckmin for candidato, terá meu apoio e meu voto.

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