Só falta Temer participar do próximo BBB

Michel Temer: o comandante do golpe? - foto: Agência Brasil
Michel Temer: o comandante do golpe? – foto: Agência Brasil

Ninguém tomou tantas decisões equivocadas nem perdeu tanto com elas quanto o vice-presidente da República, Michel Temer, desde as eleições de 2014. Primeiramente, ele divulgou um programa de governo próprio, ignorando o fato de que havia um governo em curso do qual ele fazia parte, que chamou de “Uma ponte para o futuro”, nome infeliz, pois remetia a obras monumentais superfaturadas que, naquele momento, envolviam membros graúdos do seu partido que estavam no alvo da Operação Lava Jato. 

Na sequência, perpetrou a carta em que se queixou da presidenta como um marido se queixa da mulher, à beira de separação litigiosa, classificada de infantil, patética e sem sentido. Depois foi a decisão precipitada de mandar o PMDB abandonar o navio do governo para embarcar numa canoa furada conduzida pelo melífluo, mas nunca ingênuo Eduardo Cunha, que não tinha rota definida e um porto nebuloso. 

E agora um vídeo em que, tal como fez seu aliado Fernando Henrique na eleição de 1985, posando para a capa da Vejinha” na cadeira de prefeito de São Paulo, ele “senta” na cadeira de presidente, ensaiando um suposto discurso de posse. Seria prudente, no mínimo, esperar o final da votação na comissão do impeachment, mas Temer não teve esse cuidado, o que é inexplicável para um político que está não no início, mas no final da carreira. Se esperasse, ele jamais gravaria e enviaria a correligionários ensaio de um discurso de posse improvável, p0is a votação indicou que o impeachment não vai passar na Câmara.

Os 38 votos favoráveis ao relatório esdrúxulo do dentista Jovair Arantes equivalem a 58% do colégio eleitoral de 65 componentes. Se o resultado no plenário for o mesmo – o que é o mais provável – será insuficiente para a nau dos insensatos avançar, pois seriam necessários 66% dos 513 deputados, ou 342 votos. A porcentagem obtida é igual a 300 votos e tende a diminuir, pois os deputados indecisos já perceberam que o Titanic afundou e não estarão dispostos a afundar junto com ele.

A diferença de 42 votos – se não foi obtida depois de um ano de apoio maciço de Eduardo Cunha e sua tropa de choque, dos panelaços, dos jornalões, dos colunistas irresponsáveis, das televisões e seus noticiários bombásticos, das rádios sensacionalistas, das revistas idem, dos espetáculos coercitivos de Sergio Moro, das investidas de Rodrigo Janot e de parte do STF, sobretudo de Gilmar Mendes – não será alcançada até domingo, o Dia D, pois não há mais de onde tirá-los. O jogo está jogado.

A crônica da derrota anunciada ficou evidente na expressão opaca de Eduardo Cunha logo depois do escrutínio, em cujo olhar em direção ao infinito leu-se claramente que não era isso que ele esperava. Resta saber agora qual será o próximo erro de Temer, arquitetado por seu conselheiro-mor, Moreira Franco, alcunhado por Brizola de “o gato angorá”.

Permanecer no governo mesmo depois de comandar uma retirada do PMDB na qual só o comandante – ele – ficou, rifando, com isso, posições importantes do partido no governo e sacrificando aliados bem empregados que foram para o olho da rua, fingindo-se de estátua? Renunciar ao cargo e voltar para casa?

Participar do próximo BBB?    

Nenhuma das anteriores?


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