Sob o signo do ataque

Filipe Redondo/BAND.
Filipe Redondo/BAND.

Minutos antes de o debate começar, Aécio Neves fazia pose. Cruzava os pés, recostado de forma muito confortável no púlpito. Dilma Rousseff, por sua vez, brigava com a banqueta, que não ficava na altura que ela desejava. Um funcionário da Band, palco do primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais, testou a banqueta da presidenta. Uma, duas, três vezes. Foi preciso trocar a peça.

A falta de sintonia se limitou à cena inicial, antes de a contenda entrar no ar. Começado o debate, na noite da terça-feira 14 de outubro, Dilma mostrou que está com muita garra para conquistar mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto. Aécio não ficou atrás, embora com desempenho pior do que o revelado no último debate do primeiro turno, na Rede Globo.

Ambos começaram dizendo que estavam dispostos a discutir seus projetos para o Brasil. Na prática, não foi isso o que aconteceu. O debate foi marcado por ataques duros, com Aécio citando o escândalo de corrupção na Petrobras e Dilma enumerando uma série de escândalos do governo Fernando Henrique Cardoso. No segundo bloco, o tom do embate foi pesado.

“Candidato, leviano foi o senhor”, disse Dilma, ao abrir o terceiro bloco do debate. Era uma referência à acusação de “leviana”, feita por Aécio no bloco anterior, quando a presidenta falou em nepotismo – e citou a irmã do candidato, além de um tio e três primos em postos no governo de Minas, quando ele estava no comando. Aécio só questionou a referência à irmã, Andrea Neves.

Na sequência, Dilma instigou Aécio a opinar sobre a violência contra a mulher. De repente, no estúdio da Band, o ar ficou muito denso. Não, ela não citou uma cena divulgada em novembro de 2009 pelo colunista Juca Kfouri, segundo a qual Aécio teria agredido uma namorada, com um empurrão e um tapa, em uma festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano do Rio de Janeiro. Dilma não foi explícita, mas ficou a impressão de que o episódio poderia vir à tona no minuto seguinte.

Aécio, por sua vez, acusou a presidente de mentir em relação a dados de seu governo. Dilma revidou na mesma moeda, apontado divergências em informações prestadas por Aécio sobre o período que governou Minas Gerais. No final das contas, o debate surpreendeu pelas iniciativas de Dilma na ofensiva, que chegaram a deixar Aécio na defensiva em diversos momentos. Os projetos dos presidenciáveis para o Brasil, no entanto, ficaram mais uma vez em segundo plano.


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