Sugestão de novas eleições gerais causa alvoroço em Brasília

Congresso discute agora novas eleições - Foto: Fotos Públicas
Congresso discute agora novas eleições – Foto: Fotos Públicas

Primeiro a tese do impeachment, agora eleições gerais. A confusão que tomou o Congresso desde que a oposição teimou em não aceitar o resultado das urnas em 2014 trouxe para Brasília uma nova discussão: e se o pleito de dois anos atrás fosse esquecido e fossem marcadas novas eleições gerais para presidente, governadores e parlamentares?

A ideia, um tanto “utópica”, como definiram o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), vem ganhando adesões e opositores.

Principal interessada no assunto, a ex-senadora Marina Silva (Rede) é a mais entusiasmada. Sob sua pressão, mandou a Rede abandonar o PSOL no Congresso e se alinhar aos conservadores PPS, PSB e parte do PMDB para pedir novas eleições. Líder nas pesquisas de intenções de voto, Marina não pretende esperar mais dois anos para ocupar a cadeira de Dilma Rousseff.

A ideia, até então pouco acreditada, ganhou um reforço de peso: o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), declarou na terça-feira (5) que é favorável a um plebiscito para que a população decida. Estaria tranquilo porque pesquisas indicariam que ele se reelegeria fácil para o Senado, conta o jornal Folha de S.Paulo.

A ideia, no entanto, desagradou muita gente no Congresso, uma vez que todo mundo perderia sua cadeira e teria de começar uma nova campanha. Com o Congresso desgastado, muitos ficariam de fora. Romero Jucá (PMDB-RR) esbravejou: “A saída [impeachment] está na regra, está na Constituição. Qualquer outra saída mirabolante, desculpem-me, aí, sim, é golpe. Eleições gerais para todo mundo está na Constituição? Não.”

Líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA) não descarta a alternativa, com uma condição: “Se todos entregarem seus cargos, topamos.” Já o senador Humberto Costa (PT-PE) acredita que a ideia seria “outro atalho que peca por não ter sustentação constitucional”.

Não seja por isso. A Rede, de Marina, promete criar uma Emenda Constitucional sobre o tema. Já a presidenta Dilma foi na linha de Paulo Rocha e ironizou. “Convença o Congresso”, afirmou, sobre a entrega dos cargos.

Para a presidenta, sejam eleições gerais, seja o impeachment, o que acontecerá será o rompimento da “base da estrutura democrática” que, com 54 milhões de votos, a elegeu presidenta. “Quando você de fato tem responsabilidade com o País, você não cria tumulto desnecessário.”


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