Nem parece, mas o vice-presidente que “conspira” contra Dilma Rousseff é o mesmo Michel Temer que, quando esteve no lugar de Eduardo Cunha, defendeu o governo Fernando Henrique Cardoso. Quando os papéis eram trocados e Aécio Neves acusava petistas de “romper com a ordem democrática”, o peemedebista mandava para o arquivo quatro pedidos para cassar o mandato de um impopular FHC.
A história do impeachment contra Dilma se assemelha em quase tudo com o ímpeto de retirar do poder um Fernando Henrique com 13% de aprovação popular, mas eleito democraticamente.
Então líder tucano na Câmara, Aécio Neves dizia que existia por parte da oposição então petista “uma frustração enorme”, ou simplesmente “não aceitam a deliberação majoritária da sociedade brasileira”. Discurso bem diferente ele faz agora no Senado.
O que petistas fizeram foi o mesmo que tucanos: acusaram FHC de cometer um crime de responsabilidade, a única razão constitucional para impedir um presidente. Na época, Temer era um dos principais interlocutores do PMDB junto aos tucanos. Tanto que ganhou pela primeira vez a cadeira de presidente da Câmara no dia 2 de fevereiro de 1997, cargo que ocupou até fevereiro de 2001.
Foi sob sua liderança que os quatro pedidos de impeachment contra FHC foram parar na gaveta. O crime alegado pelo PT é que Fernando Henrique teria dado aval para que o governo socorresse bancos brasileiros à beira da falência para que fossem vendidos para instituições financeiras estrangeiras.
O programa, conhecido como Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional), gastou R$ 20 bilhões (valores da época) com bancos. A justificativa afiançada por Temer era que o sistema bancário nacional precisava se modernizar para receber investimento estrangeiro.
Um dos beneficiados foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, que tinha uma das filhas, Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, casada com Pedro Henrique Cardoso, filho do ex-presidente. Recebeu R$ 6 bilhões para pagar as dívidas antes de vender para o Unibanco.
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