Apesar da mobilização da sociedade civil, da representação criminal enviada por um grupo de deputados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, das considerações de repúdio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da ilegalidade na exoneração do jornalista Ricardo Melo da presidência da Empresa Brasil de Comunicação, o presidente em exercício Michel Temer nomeou, nesta sexta-feira (20), o jornalista Laerte Rimoli, como presidente da EBC.
No Diário Oficial de hoje, Temer exonerou também o diretor-geral da empresa, Pedro Henrique Varoni de Carvalho. Em seu lugar, o interino nomeou Christiane Samarco Rodrigues Cecílio, assessora da senadora Sandra Braga (PMDB-AM).
Rimoli era assessor da secretaria de comunicação na Câmara dos Deputados e coordenou a equipe de comunicação da campanha de Aécio Neves em 2014.
“Nós vamos devolver esta empresa para a sociedade brasileira”, disse Rimoli aos jornalistas da EBC. O discurso entusiasta dessa mudança defende que a missão de Rimoli será imprimir “o conceito de comunicação pública” à empresa, supostamente livrando a EBC do posicionamento político-partidário. Porém, não é segredo o pouco apreço de Rimoli pelo Partido dos Trabalhadores, pelos senadores petistas, pela presidenta Dilma Rousseff ou pelo ex-presidente Lula.
Ele também não faz questão de esconder sua ideologia, mais próxima aos tucanos e peemedebistas. Posta informações da página do “Vem pra Rua” contra o movimento dos sem terra em seu perfil pessoal do Facebook. É um torcedor de Michel Temer, a quem considera “sujeito suave, e educado” em oposição a presidenta Dilma Rousseff, que para ele age com “grossura e destempero”, é “ridícula”, “patética” e “enjoativa”, além de “continuar grasnando”. Sobre o discurso de Dilma acerca da tortura que sofreu, Rimoli considera “papo de mulherzinha das Lojas Marisa”, como escreveu em seu Facebook.
Há rumores de que o Conselho Curador da EBC será dissolvido. O papel do conselho é – justamente – “zelar pelos princípios e autonomia da Empresa Brasil de Comunicação, impedindo que haja ingerência indevida do Governo e do mercado sobre a programação e gestão da comunicação pública“.
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