O presidente e relator do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff só foi escolhido na última terça-feira (26), mas a montagem de um hipotético governo Michel Temer se dá às claras, sem qualquer crítica da imprensa, como se Dilma já tivesse sido derrubada.
O núcleo duro de um eventual governo peemedebista já está pronto. Enquanto tenta convencer o PSDB a aceitar cargos e entrar de cabeça em um governo considerado ilegítimo por parte da população, Temer promete cargos aos seus aliados de sempre.
Geddel Vieira Lima já assumiu o papel de articulador enquanto espera para ficar com a Secretaria de Governo. Romero Jucá negocia com empresários e administradores as “futuras” parcerias público-privadas em nome do Ministério do Planejamento.
Já Eliseu Padilha já é tratado como a mão de ferro de Temer, o homem escolhido para chefiar a Casa Civil.
Enquanto isso, os neoaliados buscam espaço. O senador José Serra (PSDB-SP) deve ficar com uma pasta na área social, enquanto Gilberto Kassab (PSD), até ontem no governo Dilma, tenta voltar ao Ministério das Cidades.
Para a Fazenda, o favorito é Henrique Meirelles, chefe do Banco Central nos dois governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Alexandre Moraes, secretário de Segurança do governo paulista de Geraldo Alckmin (PSDB), foi convidado para a Advocacia-Geral da União, enquanto o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira foi cogitado para o Ministério da Justiça, mas acabou descartado depois de fazer críticas às delações premiadas.
Para a imprensa tradicional, não há problema algum. Embora boa parte da população considere o impeachment um golpe de Estado por não haver um crime de responsabilidade e Dilma ainda precise passar pelo escrutínio do Senado, Temer monta seu governo como se tivesse garantido maioria nas urnas.
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