A presidenta Dilma Rousseff disse em entrevista ao SBT, exibida na madrugada desta segunda (22), que Michel Temer e seus aliados estão empenhados em antecipar a votação do impeachment porque temem o surgimento de denúncias que os comprometam: “Por que eles tem tanto interesse em antecipar, em dias, o impeachment? Para mim, eles têm medo de uma delação que mostre claramente qual é o grau de comprometimento de quem meu julgamento beneficia: o governo interino, provisório e ilegítimo”.
O Senado iniciará a etapa final do processo de impeachment na quinta-feira (25). Dilma afirmou ao repórter Roberto Cabrini que não teme ser condenada pela Lava Jato: “Nenhum, eu sei o que eu fiz”. Ela acrescentou: “Se tiver de ser alvo da Lava Jato, com razões embasadas, eu serei. Agora, quero ver onde vão embasar razões para eu ser alvo da Lava Jato”.
“Meu governo não esteve associado à corrupção, até porque eu não testou associada à corrupção. Nunca tive conta rejeitada, a não ser agora, porque eles querem fazer o processo de impeachment”, complementou, fazendo menção a reprovação de suas contas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), fato embrionário do processo de impeachment. Dilma disse ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cometeu crimes e não será preso: “Acho uma temeridade prenderem o presidente Lula, principalmente porque tenho certeza de que ele é absolutamente inocente das coisas de que é acusado. Acho que ele não será preso, acho que eles não cometerão esse equívoco”, declarou.
Dilma rechaçou as suspeitas de que foi beneficiada com dinheiro desviado da Petrobras e afirmou que jamais esteve nas mãos de empresários investigados: “Eu acho que não sou refém das empreiteiras. Os próprios empreiteiros sabem disso. Nenhum pode chegar e dizer que me deu qualquer contribuição. Podem falar que deu para minha campanha. Agora, para mim? Ninguém deu contribuição nenhuma”.
A respeito da confissão do marqueteiro de suas campanhas, o publicitário João Santana, que admitiu ter recebido pagamento de caixa 2, Dilma negou ter qualquer responsabilidade no fato: “Ele confessou, é responsabilidade dele. Eu não reconheço, eu não paguei. Primeiro, tem que investigar e ver se pagou; quem pagou e como pagou. Não tenho certeza se ele mentiu ou se falou a verdade. Não vou assumir responsabilidade do que eu não sei, não controlo e não sei como foi feito”, disse.
A presidenta afastada afirma que cometeu “vários” erros e citou a aliança com Michel Temer e a dificuldade em reagir à crise econômica: “Erros? Vários. Não perceber que ia ser traída como fui. Achei que era possível fazer um ajuste rápido para sair da crise [econômica]. São Muitos os meus erros, mas também são muitos os meus acertos, como qualquer ser humano”, analisou.
Sobre as críticas de que ela era inábil no trato com os parlamentares, ela respondeu: “Preconceito total. Vejo [nisso] a construção da imagem que eles [adversários] querem mostrar: uma pessoa fria, seca e insensível. Isso é trabalho de imagem desconstruída. Sou uma pessoa resistente, firme. Não me abato, jamais jogo a toalha”, afirmou. Ela negou estar isolada e afirmou que vem conversando com senadores. Questionada sobre quantos votos tem no Senado, ela disse que isso é sigiloso e que a divulgação dessa informação permitiria a seus adversários fazer uma “pressão irresistível” nos parlamentares
Deixe um comentário