Os uruguaios vão às urnas hoje (30) para eleger o sucessor do presidente José Pepe Mujica. O favorito em todas as pesquisas de opinião é o médico oncologista Tabaré Vázquez, candidato da Frente Ampla – a aliança de partidos de esquerda, no poder há dez anos. Ele foi presidente de 2005 a 2010, antes de entregar o cargo a Mujica, que foi eleito senador em outubro passado.
As últimas pesquisas de opinião dão a Tabaré Vázquez uma vantagem de 10 pontos percentuais em relação ao adversário, Luis Lacalle Pou – filho do ex-presidente com o mesmo nome e candidato do tradicional Partido Nacional ou Blanco.
“Vai ser uma eleição sem surpresas”, acredita o técnico em informática Diego Hernandez, de 34 anos. Na avaliação dele, a Frente Ampla deve a sua popularidade às políticas sociais, que reduziram a pobreza de 39% para 11%, e a economia, que cresceu em média 5% ao ano. “Sou daquela geração que fez as malas para buscar emprego na Argentina e acabou voltando porque lá a coisa ficou ruim e aqui melhorou.”
Já o engenheiro Fernando Laprida diz que vai apoiar Lacalle Pou por dois motivos: a família toda sempre votou nos “brancos” e ele acha que é hora de mudar. “Tivemos bons governos, mas não é bom um mesmo partido governar durante tanto tempo, tendo sempre maioria no Congresso – um pouco de oposição faz bem para renovar as ideias.”
Seja qual for o resultado, a Frente Ampla já assegurou a maioria no Congresso, que foi totalmente renovado em outubro passado, quando ocorreram as eleições legislativas e o primeiro turno das eleições presidenciais. No Uruguai, tanto o presidente quanto os senadores e deputados têm cinco anos de mandato. O novo governo assumirá em marco.
Se Vázquez for eleito presidente, será o terceiro governo consecutivo da Frente Ampla. Nestes dez anos, os chamados frentistas sempre contaram com maioria no Congresso e por isso conseguiram aprovar leis polêmicas como a da legalização do aborto, a do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a da produção e venda da maconha.
Tabaré Vázquez disse, na campanha, que o desafio do novo governo será reduzir ainda mais a desigualdade. “O Uruguai é o país da região com a maior porcentagem de classe média em relação à sua população: 62%”, disse ele. “Mas falta muito por fazer”, acrescentou o candidato.
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