Nem todo mundo que critica o golpe apoia o governo da presidenta Dilma Rousseff, especialmente setores da esquerda contrários à política econômica e ao ajuste fiscal lançados em 2015. Algumas dessas pessoas foram representadas por artistas na segunda-feira (13) em ato pela democracia que lotou a Fundição Progresso, na Lapa (RJ), quando foi lançado um manifesto. Na ocasião, compareceram personalidades como Tico Santa Cruz, Otto, Carlinhos Vergueiro, Chico Buarque, Wagner Moura e Leonardo Boff.
Wagner Moura foi um dos que nunca votou em Dilma, mas classificou o atual processo de impeachment de tentativa de golpe: “Nunca votei em Dilma. Votei na Marina nas duas últimas eleições. No segundo turno, teria votado nela, mas não estava no Brasil. Sou um crítico duro do governo Dilma, nunca votei nela, mas 54 milhões o fizeram. Precisamos avançar e não retroceder. O que acontece no Brasil é uma evidente tentativa de retrocesso da democracia. Não vai ter golpe.”
O ator e roteirista Gregório Duvivier também explicou que não defende o governo em si, mas a democracia: “Isso não é um ato de defesa nem de adesão de governo nenhum, muita gente aqui, como eu, não votou, não é eleitor, não é filiado ao PT. Isso aqui é um ato de defesa da democracia. Nós viemos mostrar a nossa insatisfação com tudo o que não está podendo ser feito no país hoje. Então, ao invés de dizer só ‘fica Dilma’, vamos dizer ‘fica e melhora’. Porque a Dilma foi eleita pela esquerda, porque tinha um projeto de esquerda, então vamos pedir que ela governe em nome do projeto para o qual foi eleita”.
Já o músico Tico Santa Cruz afirmou que os atos em defesa da democracia vêm ocorrendo no Brasil inteiro: “Hoje é a cultura pela democracia, é o engajamento dos artistas que acreditam que esse impeachment é uma tentativa nítida de golpe, de manipulação. A gente não vai permitir colocar a nossa democracia em risco nesse momento”.
O músico Fred Zero Quatro, que liderou o movimento Manguebeat em Recife nos anos 90 ao lado de Chico Science, disse que esses atos são uma demonstração política após uma fase em que a juventude estava muito apolítica. “Estou mais otimista de ver que dois ou três anos atrás tinha uma galera que renegava a política e que hoje já tem uma galera vendo a importância. Não à toa, depois de um período de niilismo da juventude, se elegeu o Congresso mais retrógrado da história, e estamos vendo as consequências disso aí, com um presidente da Câmara que sequestrou um dos Poderes da República.”
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