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RETORNO Mikhail Troyansky, cônsul-geral da Rússia em São Paulo, é quem dá os detalhes do programa

Mauricio Klabin desembarcou no Brasil, em 1887, com uma carga de 30 kg de tabaco e muitos rolos de papel de cigarro, fugindo da perseguição da polícia czarista. Foi um dos primeiros imigrantes do Império russo a chegar ao País, onde introduziu o papel de cigarro – aqui, só se fumava cigarro de palha. Depois, seu nome tornou-se sinônimo de papel.

Não dá para cravar quantos russos ou descendentes deles moram no País. Para Angelo Segrillo, autor do livro Os Russos, seriam 200 mil. Jacinto Zabolotsky, descendente de russos da primeira leva, estima em 119 mil. Mas há outras cifras, mais pragmáticas e práticas. Muitos dos brasileiros que já têm idade avançada vivem aqui, mas são filhos e netos de russos que saíram antes de 1917, consideram a cifra em torno de 35 a 40 mil. A maioria, 90% deles, reside nos estados do Sul e Sudeste brasileiro.

Todos eles – fugidos ou que tenham saído normalmente – podem voltar à Rússia com o apoio do governo russo. “Criado em 2006, o Programa Estatal de Retorno Voluntário à Rússia pretende atrair de volta ao país cerca de 300 mil cidadãos, como anunciou o nosso presidente Vladimir Putin”, afirma o cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troyansky, cuja prioridade atualmente é a divulgação desse programa, seguindo orientação do governo russo.

Dmitri Medvedev, primeiro-ministro da Rússia e presidente da Comissão de Alto Nível de Cooperação entre Rússia e Brasil, posto semelhante ao de Michel Temer no lado brasileiro, é um dos entusiastas do programa: “A Rússia tenta não se esquecer de seus compatriotas. Passou para sempre aquele tempo em que tanta gente se encontrou fora de sua pátria e foi apagada da vida do nosso país. Apoiar nossos compatriotas é uma das direções mais importantes do desenvolvimento do nosso Estado”.

O programa dá todo apoio possível para o retorno voluntário daqueles que têm suas raízes no Império russo ou em qualquer república da União Soviética. O cônsul explica alguns pontos do longo programa: “Há algumas condições, claro. É obrigatório conhecer e falar russo, pois a adaptação não pode ser demorada. A preferência é para mão de obra qualificada. O governo da Rússia, que é o maior país em extensão territorial do mundo, determina a região, porque um dos objetivos é tentar compensar a lacuna demográfica em uma ou outra região. A proporção é de 60% para o campo e 40% para a cidade. O governo dá dinheiro para construir casa e comprar maquinário agrícola, terras, escola para os filhos e salário”.

Considera-se que houve seis grandes ondas de imigração russa para o Brasil. A primeira, de 1880 até o fim do século. A segunda, na época da primeira Revolução Russa do século 20 – entre 1905 e 1907 saíram muitos imigrantes por diferentes motivos, mas principalmente devido à repressão do regime czarista. A onda seguinte foi causada pela revolução de fevereiro de 1917 e, depois, pela Revolução Bolchevique, de outubro de 1917 até 1926. A quinta aconteceu durante e depois da Segunda Guerra e a última, depois de 1991, durante a crise política econômica, que durou uma década.

“Muitos especialistas deixaram o país. Por isso, posso encontrar especialistas russos, tanto em institutos de pesquisas científicas do Brasil como também na área de arte, no balé e na música.”

Para conhecer a íntegra do Programa Voluntário de Retorno à Rússia, acesse www.consrussp.com.br ou www.fms-nso.ru/documents/compatriot.


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