10 anos de inclusão

Tarde de quarta-feira?de sol intenso no Rio de Janeiro. Os jornais expostos nas bancas dão conta de que mais de 700 vidas já foram ceifadas nas tragédias provocadas pelas chuvas que devastaram a região serrana do Estado. Catástrofes sem local definido, mas com hora marcada, que, ano após ano, assolam o País. “Fatalidades” reincidentes a cada janeiro, que denunciam nossa inépcia em resolver problemas seculares de infraestrutura e planejamento em habitação. Questões endêmicas de uma nação que celebra o desenvolvimento, mas que ainda tem altas dívidas sociais com a Saúde e a Educação. Na noite da segunda-feira anterior – dia de trégua das chuvas, para alívio geral -, fui acompanhar de perto a performance My Heart in Rio, dos artistas plásticos Renato Rezende e Dirk Vollenbrich, cobrindo pauta para a próxima edição da revista ARTE!Brasileiros. Uma ode à amizade, a intervenção apropria-se de monitores cardíacos instalados nos dois artistas, que fazem com que, alternadamente, as batidas dos corações do brasileiro e do alemão iluminem a fachada do prédio do Instituto Oi Futuro, localizado na rua Visconde de Pirajá, em Ipanema.

O contato com Letícia Ritta Duque – assessora de Imprensa da Oi, que nos apresentou e recomendou a performance -, me leva até Wellington Silva, diretor de Marketing e Conteúdo, para fazer um balanço das atividades do Oi Futuro. Gigante das telecomunicações, a Oi ostenta hoje o título de maior operadora de telefonia fixa e móvel do País. Status adquirido recentemente, quando, em 2009, a empresa comprou a Brasil Telecom, e que implica, por meio de prestação de serviços de concessão pública, atender às demandas tecnológicas e de entretenimento – telefones fixos e celulares, internet e TV a cabo – de mais de 60 milhões de brasileiros.
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Wellington nos recebe em uma das salas de reunião do Oi Futuro, com sede na rua Dois de Dezembro, no Flamengo. Apresentamos-nos, e entrego a ele a última edição da Brasileiros, que traz na capa a imagem de Lázaro Ramos. Wellington comenta ter lido que o personagem vivido pelo ator na recém-iniciada novela Insensato Coração – um galanteador que defende que não se deve ficar mais de uma vez com a mesma mulher – está sendo rejeitado, e moralmente condenado por alguns dos telespectadores que seguem os primeiros passos da nova trama das “oito”. Wellington se revela leitor assíduo da Brasileiros. Encerramos a questão do personagem de Lázaro, concordando que o gesto da audiência revela traços de um certo preconceito velado, delatado por Lázaro em sua entrevista à Brasileiros (cabe aqui dizer que Wellington também é negro). Fosse um dos galãs brancos, de olhos azuis, que a emissora tem às dezenas, ninguém se manifestaria, suspeitamos. O papo descontrai, mas Wellington precisa ficar de olho no relógio – todos na empresa passam por dias difíceis, por conta dos danos causados pela chuva à infraestrutura de redes da Oi – e ele passa a explicar como funciona o ambicioso projeto Oi Futuro, um instituto de responsabilidade social mantido pela empresa, desde 2001, que beneficia um expressivo número: mais de 600 mil brasileiros ao redor do País.

Cinco frentes de cidadania
Narrando com entusiasmo os principais feitos realizados pelo Oi Futuro na área da Educação, Wellington remonta parte da história do instituto, criado com o nobre propósito de retribuir a seus clientes projetos sociais que pudessem atenuar carências que, inegavelmente, não eram (e ainda não são) plenamente assistidas pelas autoridades governamentais. Como explicará adiante o jovem diretor de comunicação, a Educação é a frente que mais mobiliza esforços do instituto. Esporte, cultura, ação social e meio ambiente são as outras bandeiras de atuação, mas até mesmo pelo maior período de atuação – as primeiras atividades datam do início do instituto – a Educação, como atesta Wellington, é a mais ambiciosa frente do Oi Futuro, e também a que mais enche de orgulho a companhia. O projeto educacional é diverso e reúne programas como o NAVE – Núcleo Avançado em Educação que, durante a formação no Ensino Médio, utiliza plataformas tecnológicas e artifícios modernos, como bibliotecas e lousas digitais, com acesso à internet e conteúdo das aulas armazenados em pen drives. O NAVE profissionaliza e capacita jovens que pretendem ingressar em áreas digitais de trabalho e forma mil alunos todos os anos. Quinhentos deles sediados em Recife e a outra metade na capital fluminense.

Uma breve pausa. Café e água são gentilmente servidos, mas Wellington, prontamente, retoma o papo e faz questão de esclarecer que outras ações pulverizam resultados em todos os Estados do País. É o caso do Tonomundo, programa de ensino via internet, que forma alunos e professores e que já atendeu quase meio milhão de alunos e mais de 11 mil professores. Os tragos de café são sorvidos lentamente e, enquanto dá uma espiadela no Blackberry, Wellington começa a enumerar outros objetivos caros ao Oi Futuro: “Queremos formar jovens autônomos e donos de suas decisões, solidários e conscientes de seu papel social e, sobretudo, formar jovens capazes. Aptos a encarar as adversidades do mercado de trabalho e da vida”. Ao que tudo indica, esses propósitos têm sido realmente perseguidos desde o começo. Já em 2001, o programa Tonomundo foi reconhecido pela UNESCO.

Outros grandes êxitos da “pasta” educação do Oi Futuro levam os nomes Oi Kabum! (leia matéria sobre Isabel Gouvêa na página 60, que coordena o projeto em Salvador) e Novos Brasis. O primeiro é uma escola livre de arte e tecnologia, com sedes no Rio de Janeiro, em Salvador, em Belo Horizonte e em Recife. O Oi Kabum! já formou mais de 700 profissionais altamente qualificados para atuar em diversas profissões do mercado audiovisual. Alguns deles trilhando carreiras de sucesso, como enfatiza Wellington: “Muitos desses alunos já estão atuantes na tevê. Outros fazem trabalhos frequentes para o cinema. A formação deles é de grande nível. Nesse instante, deve ter alguém nosso trabalhando na novela do Lázaro!”, diverte-se.

A porta da sala de reunião é aberta e Letícia, desculpando-se pela chegada imprevista, integra o bate-papo. Ela ilustra as descrições de Wellington com números e detalhes que dão conta que, por trás das operações do instituto, há mesmo um pacto de fidelidade aos propósitos defendidos. Letícia reitera seus argumentos enfatizando os investimentos do programa Novos Brasis, braço de ação social do Oi Futuro, que, atualmente, beneficia mais de 40 mil pessoas e 200 projetos sociais de entidades sem fins lucrativos, e desenvolvem ideias que valorizam a tecnologia da informação e da comunicação. Naturalmente, os quase oito milhões destinados a apoiar esses projetos espalhados por todo o País, carecem de eventuais auditorias, como adverte Wellington, quando o questiono sobre os métodos de fiscalização dos fins levados pelos recursos: “Não posso mencionar nomes, mas já houve casos de descredenciar entidades que não cumpriam objetivos do programa Novos Brasis”. As parcerias que a companhia firma com ONGs e sociedades beneficentes são registradas em contratos que expiram em dois anos, sem direito a renovação. Tempo suficiente para impulsionar as entidades, fazer com que elas alcem novos voos, procurem firmar novas parcerias e, ao mesmo tempo, deem a chance de outras entidades serem beneficiadas. Ainda no âmbito educacional, merece destaque a iniciativa voluntária chamada Oi Conecta, em parceria com o Governo Federal, que provê infraestrutura e banda larga para mais de 40 mil escolas públicas espalhadas pelo Brasil.

Esporte, cultura e consciência ambiental
Reforçando a ideia de que o esporte forma muito além de atletas, grandes cidadãos, Wellington pontua desafios, valores disciplinares e as lições de superação e aprendizado com a vitória e a derrota, que a prática de esportes propicia: “Gostamos apenas da vitória – até eu confesso que detesto perder -, mas o esporte também ensina o quanto podemos crescer até mesmo com as derrotas”. Desde 2007, quando passou a injetar verbas em projetos socioesportivos, previstos na Lei Federal de Incentivo ao Esporte, a Oi patrocinou, em cinco diferentes Estados, mais de 20 projetos, que beneficiaram um número superior a quatro mil usuários. Até mesmo entidades estruturadas para desenvolver atividades paradesportivas com deficientes físicos e intelectuais, como o Centro de Apoio ao Deficiente Físico, em Natal, ou o Instituto Olga Kos, em São Paulo, que ministra aulas de caratê, são mantidas pela Oi Futuro. No último ano, o Ministério do Esporte laureou a empresa com o selo Empresa Amiga do Esporte, e os planos para 2011 do Programa Oi de Patrocínio Esportivo Incentivado revelam novas e inusitadas atividades, como o projeto Golfe – um instrumento de inclusão social, uma escola de golfe para jovens de Japeri, um dos municípios mais pobres do Rio. Mais de R$ 3 milhões serão investidos (vale lembrar, o esporte estreiará em jogos olímpicos no Rio, em 2016).

Uma das maiores patrocinadoras da cultura no País, em 2010, a Oi superou a casa de mais de 200 projetos incentivados. Reforçando a exploração de infinitas possibilidades das novas tecnologias, a empresa mantém três modernos espaços culturais, dedicados a manifestações multimídia: artes visuais e cênicas, performances, música. Vitrines para a nova produção cultural do Rio de Janeiro – nas sedes do Flamengo e de Ipanema – e de Belo Horizonte. Questiono Wellington se há planos de ampliar essa rede de espaços culturais para outras grandes capitais como São Paulo, afinal de contas, tais ações poderiam dar maior visibilidade às ações do Oi Futuro, e ele, prontamente, discorda de meu comentário, defendendo ser mais caro aos interesses da empresa desenvolver projetos com solidez, de resultados evidentes para quem é beneficiado.

Este ano também marca o início de atividades do quinto braço de ação social da Oi, o apoio a projetos que defendam ideias de sustentabilidade e defesa ao Meio Ambiente. Com verba inicial de R$ 2,5 milhões, o 1o Programa Oi de Projetos para o Meio Ambiente encerrou inscrições em 30 de janeiro. Entusiasmado, Wellington acentua outros fins que esperam atingir: “Alguns desses projetos podem ser tocados por cooperativas de reciclagem e ter um impacto social muito positivo”. Missões cumpridas até aqui, Wellington agradece a visita, se despede, às pressas, e parte com um sorriso no rosto e o Blackberry no ouvido antes mesmo de fechar a porta. Como diria o poeta que flanava por aquelas ruas: o tempo não para.

BALAIO DO KOTSCHO – Inclusão digital

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