Os lançamentos de álbuns de histórias em quadrinhos para livrarias e voltados ao público adulto em 2013 foram marcados principalmente por grandes relançamentos, todos muito bem vindos novamente, e poucos trabalhos inéditos de relevância. O mercado, sem dúvida, encolheu nesses doze meses. A Devir e a Conrad, tradicionais no segmento, pouco publicaram. O mesmo vale para a Companhia das Letras, sem nenhum título de relevância, mesmo os nacionais.
O Fest Comix, a maior feira do país de gibis, não foi realizada por falta de espaço adequado, o que frustrou muita gente, que esperava comprar itens de colecionador com generosos descontos. Destaques entre as novidades para as produções dirigidas a adultos com personagens de Maurício de Sousa, e o brilhante trabalho editorial da Nemo, que dá sinais de que veio para ficar, com álbuns de luxo, capa dura, e preços mais em conta, lançados em todos os meses do ano.
Confira as sugestões e os destaques de Brasileiros, com suas respectivas sinopses:
1 – O Lixo da História, de Angeli
Neste álbum de charges e quadrinhos, o cartunista reúne sua produção desde 2001, período em que se dedicou a fazer humor com os conflitos que atravessaram o Oriente Médio após o 11 de setembro. Com independência e senso crítico, passou pelo governo Bush, guerras do Afeganistão e do Iraque, conflito entre Israel e Palestina e chegouaos distúrbios no Egito e na Síria. O resultado é um painel abrangente das principais questões que mobilizaram o noticiário político internacional nos últimos dez anos.
2 – Diabruras de Quick e Flupke, de Hergé
O belga Hergé não criou apenas o repórter Tintin. Em janeiro de 1930, ele lançou a primeira diabrura da dupla de pirralhos Quick e Flupke, no Le Petit Vingtième, suplemento infantil semanal do jornal belga Le Vingtième Siècle. Limitado ao espaço de duas páginas por semana, Hergé desenvolveu narrativas cômicas que apresentam a atmosfera poética do universo das crianças. Ao longo de uma década, o trapalhão (e um tanto azarado) Quick e seu travesso parceiro Flupke conquistaram de imediato os leitores, ao introduzir doses de nonsense e bagunça num mundo organizado por adultos – como o vigilante Agente nº 15, um policial com que vive implicando com os garotos.
3 – Tetralogia Monstro, de Enki Bilal
Enki Bilal é um cineasta, desenhista e roteirista de histórias em quadrinhos francês. Nasceu em Belgrado, Sérvia, em 7 de outubro de 1951, e mudou-se para Paris com nove anos de idade Um trabalho pessoal e instigante, nascido da dor ligada à guerra destruidora da Iugoslávia na década de 1990, ‘Tetralogia Monstro’ mostra o percurso de três órfãos nascidos sob as bombas de Sarajevo – Nike, Leyla e Amir. A memória, representada em variadas formas, é o pivô de suas trajetórias num futuro sombrio e repleto de sinistras premonições.
4 – Companheiros do Crepúsculo, de François Bourgeon
Marco da década de 1980 entre os quadrinhos europeus, a série francesa Os Companheiros do Crepúsculo sai no Brasil num único volume. A narrativa se passa na Idade Média durante a Guerra dos Cem Anos. A história é centrada nos personagens do Cavaleiro, Mariotte e Anicet, em sua busca por redenção ou pela simples sobrevivência. Misturando fantasia e lutas sangrentas, cenas cotidianas e um tom de erotismo, um dos destaques desta HQ é o detalhado traço do autor, procurando transportar os leitores para os cenários e o clima da época.
5 – Mangá of the dead, vários artistas
Publicada originalmente em 2012, no Japão, essa antologia sobre zumbis traz trabalhos surpreenderes de diversos quadrinhistas: Fukao Atsushi, Hiroe Rei, Hiromoto Sinichi, Hokazono Masaya, Kino Hitoshi, Koizumi Tomohiro, Matsumoto Jiro, Samura Hiroaki, Shimada Toranosuke, Tajima Sho-u, Terada Katsuya e Uguisu Sachiko . As histórias se deferência pelos gêneros explorados –aventura, drama, horror, artes marciais, ficção científica, sobrenatural, tudo voltado aos mortos-vivos. Um deleite para os fãs de tramas com zumbis.
6 – Chico Bento – Pavor Espaciar, de Gustavo Duarte
Terceiro álbum da coleção Graphic Mauricio de Sousa, a trama tem roteiro e desenhos de um dos mais talentosos artistas da nova geração: Gustavo Duarte. Na história, aquela tinha tudo para ser mais uma noite tranqüila na Vila Abobrinha. Mas o caipiríssimo Chico Bento, o seu primo destrambelhado Zé Lelé, o porco Torresmo e a galinha Giserda acabam abduzidos por seres alienígenas que têm planos sinistros para o quartelo. Em ‘Pavor Espaciar’, Duarte reinterpreta os personagens de Mauricio de Sousa para o público mais adulto. Para isso, mescla perigo, aventura, suspense e humor.
7 – Piteco, de Shiko
Um dos mais antigos personagens de Maurício de Sousa ganha essa versão adulta, lançada no final do ano. Na aventura, o povo de Lem se vê obrigado a migrar porque o rio próximo à aldeia secou. Mas o valente caçador Piteco decide não ir, pois precisa resgatar Thuga, que foi raptada pela tribo dos homens-tigre. Nesta releitura inusitada e repleta de ação, o paraibano Shiko (pseudônimo do artista plástico e quadrinhista Francisco José de Souto Leite) acerta em cheio ao misturar a sua origem nordestina à essência do homem das cavernas criado por Mauricio de Sousa.
8 – A Mente Suja de Robert Crumb, de Robert Crumb
O americano Robert Crumb, radicado na França há três décadas, é considerado hoje como o mais importante autor de quadrinhos vivo do Ocidente. Desenhos seus que anos atrás causavam escândalo, estão em alguns dos principais museus do mundo e foram um dos destaques da última Bienal de Veneza. Tanto sucesso levou à edição dessa antologia, criada especialmente para o mercado brasileiro, com os trabalhos de cinco décadas de carreira do artista.
9 – Livros da Magia, de Neil Gaiman
A semelhança visual dessa série em quadrinhos com Harry Potter é impressionante. A diferença é que saiu alguns anos antes e, portanto, fica com as glórias do pioneirismo. O protagonista é o míope Timothy Hunter, típico garoto de treze anos de idade que passa suas tardes assistindo à televisão e andando de skate. Mas ele é diferente de praticamente todos os outros adolescentes do planeta e está prestes a descobrir o porquê. Resumindo em uma palavra – magia. Tim não acredita nela, mas a magia certamente acredita nele. E assim começa sua saga.
10 – A História de Ó, de Guido Crepax
Nessa caprichada edição de Guido Crepax, baseada no livro homônimo de Pauline Réage – a personagem título, chamada simplesmente de ‘O’, é levada a um castelo por seu amante René. Lá, é submetida a uma série de práticas de dominação, incluindo as mais criativas e bizarras fantasias de seu ‘senhor’. A partir daí, ‘O’ descobre que prazer e submissão são dois lados da mesma moeda e que carrasco e vítima não passam de cúmplices em um pacto sinistro que pode satisfazer a todos. O texto original permaneceu por séculos proibido no Brasil e só foi publicado na década de 1980.
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