Curioso que até a década de 1950, a maioria dos filmes americanos e europeus tenha trazido trilhas sonoras orquestradas discretas, que raramente conseguiam se destacar ao longo de sua exibição. A exceção, claro, ficava por conta dos musicais, como os marcantes “O Mágico de Oz” (1939) e “Cantando na Chuva”, de 1952. A primeira exceção talvez tenha sido “…E o Vento Levou…” (1939), cuja referência de memória é a sua música, sem dúvida.
Na segunda metade do século XX, porém, uma supervalorização das canções tornou muitas histórias indissociáveis da trilha sonora. Assim, a música lembrava o filme, principalmente por causa de seus momentos inesquecíveis, carregados de emoção e delicadeza. Brasileiros selecionou algumas dessas produções para você ver o rever – muitos fazem parte daquela lista que todo mundo tem vergonha de dizer que adora. Deixamos de fora, claro, os musicais, que merecem uma lista à parte. Confira:
1 – E o Vento Levou… (1939)
O cinema mudou sua história com essa que foi a sua primeira grande produção, dirigida pelos mestres Victor Fleming, George Cukor e Sam Wood. Além da fotografia em cores revolucionária, a trilha sonora fez a diferença. Como na cena-mestra em que Scarlett O’Hara (Vivian Leigh) jura por Deus nunca mais sentirá fome, pois lutará com todas as forças para sobreviver.
2- Casablanca (1942)
O clássico romântico de Michael Curtiz eternizou as cenas de Humphrey Bogart no papel de Rick Blaine e Ingrid Bergman como Ilsa Lund. É considerado como um dos maiores filmes da história do cinema americano, e ganhou o Oscar de melhor filme em 1943. A crítica elogiou a performance carismática de Bogart e Bergman e a química entre eles. E a música tema? “As time goes by” vale um suspiro bem longo…
3- Suplício de uma Saudade (1955)
Jenifer Jones e William Holden protagonizam esse dramalhão, cujo título brasileiro é genial e redimensiona o momento em que um dos protagonistas amargura a ausência do outro. A linda canção instrumental “Love Is A Many Splendored Thing” foi composta por Sammy Fain e Alfred Newman:
4- Bonequinha de Luxo (1960)
Um dos momentos mais delicados e marcantes dessa doce comédia romântica de Blake Edwards que todos adoram assistir novamente é quando Molly (Audrey Hepburn) canta Moon River com um desafinado violão na escada. Foi composta por Johnny Mercer:
5- Jules e Jim – Uma Mulher para Dois (1961)
A música é um elemento fundamental para o resultado desta obra-prima de François Truffaut, com Jeanne Moreau, Oskar Werner e Henri Serre. Neste fragmento do filme, Jeanne Moreau canta de modo maravilhoso a canção “Le Tourbillon” (‘The Whirlpool’), acompanhada de ao violão por Henri Serre, no papel de Jim:
6-Pantera cor de rosa (1963)
A abertura de Pantera Cor-de-Rosa consagrou a animação feita para a abertura do filme. O sucesso foi enorme e fez com que fosse produzido um desenho animado com este personagem, com mais de 120 episódios. As aventuras da Pantera – tanto no filme quanto no desenho – eram acompanhadas pela famosa música de Henry Mancini e Waltel Branco, “The Pink Panther Theme”. Waltel Blanco, para quem não conhece, é o ilustríssimo maestro, compositor, regente, arranjador, diretor musical, violonista, guitarrista, contrabaixista, produtor musical e professor paranaense. Ele criou inúmeras trilhas e tem papel marcante na cultura cubana – vale outro post para contar a história dele! Por enquanto, fique com a abertura do filme:
7- Dr. Jivago (1966)
O filme de David Lean marcou época como uma epopeia pela história da Rússia a partir do amor de um casal, embalado pelo famoso Tema de Lara (“Lara’s theme”), como ficou conhecida no Brasil a canção de Maurice Jarre. A música fez tanto sucesso que virou vinheta em muitas salas, executada como senha para início de cada sessão:
8- Um homem Uma Mulher (1966)
O filme de Claude Lelouch, com Jean-Louis Trintignant e Anouk Aimée, é um marco da década de 1960. Quem não conhece a música que embala o amor entre o piloto de corridas Jean-Louis Duroc e Anne Gauthier? Ba-da-ba-dá e por aí vai a canção…
9- Dio come ti amo (1966)
Gigliola Cinquetti, a revelação da música italiana na década de 1960, precisava de um pretexto para desfilar na tela de cinema uma coleção impressionante de sucessos. Foi um fracasso na Itália, seu país de origem, mas o filme encantou o mundo. Na cena final, ela canta para o amado a música tema:
10- Ao Mestre com Carinho (1967)
Preste atenção principalmente no final, quando os alunos outrora rebeldes e agora domados homenageiam o persistente professor vivido por Sidney Poitier. Cabe a Lulu cantar “To Sir With Love”, marco da década de 1960. Quem ainda não se arrepia com a cena:
11- Romeu e Julieta (1968)
E o que seria dessa versão bem feita de Franco Zefirelli para a história de William Shakespeare se não fosse o tema de amor tão famoso? Continuaria a ser um bom filme, mas não tão cultuado.
12- Perdidos na Noite (1969)
Um dos mais ousados filmes do cinema americano, marco da década de 1970, tratou de forma ousada sobre homens que vivem da prostituição. Dirigido por John Schlesinger e com roteiro baseado em obra de James Leo Herlihy, o longa começa de modo arrebatador, com a música de original de Fred Neil, na voz de Harry Nilsson:
13- Butch Cassidy (1969)
O filme conta a história de dois amigos criminosos que fogem para a América do Sul. A cena mais famosa é o passeio de bicicleta entre Butch Cassidy (Paul Newman) e Etta Place (Katharine Ross). O clássico foi dirigido por George Ray Hill:
14- Love Story (1970)
A trágica história de amor do começo da década de 1970 vivida por Ryan O’Neil e Ally McGraw – que muitos escondem que gostam – é embalada por aquela que talvez seja a música original mais famosa da história do cinema. A composição é da autoria de Francis Lai:
15- Verão de 1942 (1971)
– Dirigido por Robert Mulligan, esse filme conta o que realmente aconteceu com o roteirista Herman Raucher (Hermie) quando adolescente, e seu amor por uma mulher mais velha. Tudo embalado pela trilha sonora que virou depois até tema de novela brasileira:
16- O Poderoso Chefão (1972)
A música de Nino Rota como tema principal de O Poderoso Chefão é uma das mais regravadas e executadas de todos os tempos. O filme de Francis Ford Coppola, baseado no livro homônimo escrito por Mario Puzo, foi estrelado por Marlon Brando e Al Pacino. Dispensa apresentações:
17- Bônus: Titanic (1997)
A nossa lista atiçou uma polêmica na redação. Como faltou muita coisa, decidimos fazer uma segunda parte para continuarmos a lista e paramos no início dos anos 1970 (com o Poderoso Chefão). Mas não resistimos e deixamos “My heart will go on” como bônus. A música transformou sua cantora Celine Dion numa celebridade mundial. O megasucesso de bilheteria e a execução maciça da música fizeram muita gente amar ou odiar o filme de James Cameron. Mas é um marco, de qualquer jeito:
Deixe um comentário