Dos 35 milhões de pessoas que vivem com HIV no mundo, 19 milhões não sabem que estão infectados. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (16) pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e Aids (Unaids). O órgão alertou que, para dar fim à epidemia até 2030, é preciso ampliar esforços para acabar com a lacuna de pessoas sem diagnóstico e, consequentemente, sem acesso ao tratamento.
O relatório destaca que, na África Subsaariana, quase 90% das pessoas que testaram positivo para HIV buscaram acesso à terapia antirretroviral. Dessas, 76% alcançaram a supressão da carga viral, reduzindo significativamente o risco de transmissão para seus parceiros. Estudos recentes indicam que, para cada 10% de ampliação na cobertura antirretroviral, os casos de novas infecções caem 1%.
De acordo com o Unaids, os esforços globais para aumentar o acesso aos medicamentos antirretrovirais estão funcionando. Em 2013, 2,3 milhões de pessoas passaram a fazer uso da terapia, totalizando 13 milhões de soropositivos em tratamento no mundo. A estimativa é que, atualmente, cerca de 13,9 milhões de pessoas façam uso de antirretrovirais.
“Se acelerarmos os esforços até 2020, estaremos no caminho certo para acabar com a epidemia em 2030”, disse o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé. “Se não conseguirmos, corremos o risco de aumentar significativamente o tempo que seria necessário para isso – adicionando uma década, se não mais”, completou.
Ainda segundo o relatório, atingir a meta de encerrar a epidemia de aids até 2030 significaria evitar 18 milhões de novas infecções por HIV e 11,2 milhões de mortes relacionadas à doença entre 2013 e 2030.
Atualmente, 15 países contabilizam mais de 75% dos 2,1 milhões de casos de novas infecções registrados em 2013. Na África Subsaariana, apenas três países – Nigéria, África do Sul e Uganda – somam 48% dos casos de novas infecções no mundo.
O Unaids alerta que países como República Democrática do Congo, Indonésia e Sudão do Sul estão “abandonados” em relação ao combate ao HIV, com baixas taxas de cobertura antirretroviral e quedas mínimas ou nulas nos índices de infecção.
Dados do órgão mostram também que o risco de infecção é 28 vezes maior entre usuários de drogas; 12 vezes maior entre profissionais do sexo; e até 49 vezes maior entre mulheres transgênero (homens que se identificam como mulheres). Na África Subsaariana, meninas adolescentes e jovens mulheres representam um de cada quatro novos casos de infecção.
“Não haverá o fim da aids sem que as pessoas sejam colocadas em primeiro lugar, sem assegurar que as pessoas que vivem a epidemia sejam parte de uma nova estratégia”, disse o diretor-executivo do Unaids. “Sem uma abordagem centrada nas pessoas, não conseguiremos avançar na era pós-2015”, concluiu.
Recentemente, o tratamento da AIDS conheceu uma nova forma de método, criado na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A terapia genética consiste em “melhorar” o sistema imunológico dos pacientes, protegendo-os assim da ação do vírus. Com isso, o que se prevê é que pacientes não precisem mais tomar medicamentos diários para controlar a infecção. Outras descobertas já haviam sido feitas em 2013, conforme publicou Brasileiros na ocasião.
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