Jean Genet
Jean Genet

Meus caros, hoje eu começo uma sequência de vários posts sobre Jean Genet, que faria 99 anos no próximo dia 19 de dezembro. Vou iniciar as comemorações do centenário, para que vocês conheçam toda a obra dele até o ano que vem. Genet, provavelmente, é o maior nome da literatura homossexual do século XX, talvez da história, eis que nós não existíamos em livros antes dele. Fomos mencionados, em letras, lá pela Grécia clássica, e depois condenados, por meio de documentos, durante séculos de civilização judaico-cristã. Digo meramente condenados, pois não se discorria sobre homossexuais, condenavam-se atos homossexuais, o sexo. Condenavam à fogueira, ao inferno, éramos conhecidos pelo termo de sodomitas, só vinha paulada para nos combater, tentar nos eliminar.

Vai dizer que não existíamos? Lá estávamos, como sempre estivemos, prova disso é que tentavam eliminar-nos. Quanto a Igreja Católica não tentou, sem qualquer sucesso? Era só botar homens juntos, que a atração surgia, e rolava sexo pelas sombras dos mosteiros, jogando nas fogueiras aqueles flagrados em delito. No exército e na marinha então, nem se fala: eram normas, uma atrás da outra, tentando conter a natureza. Os gays existiam, mas toda e qualquer manifestação homossexual era proibida, e assim,  lá estaria o mundo livre daquela forma de amor que, disse Wilde, “Não se ousava dizer o nome”.

Oscar Wilde não escreveu sobre nós. Shakespeare também não, nem uma linha. Proust, com milhares de palavras piegas, pela primeira vez mencionou um gay na literatura, em Sodoma e Gomorra, capítulo da séria As Ilusões Perdidas. E então veio Jean Genet, francês, filho de mãe solteira, criado em orfanato, e por uma família adotiva. Considerado pela sociedade um criminoso, mas por pequenos delitos, ele acabou por adotar essa fama de marginal como marketing. Homossexual confesso, começou a escrever, dando-nos vida na literatura, através de várias obras de teatro e romances que todos vocês vão ler, e ver em DVD, para dar valor a ele ano que vem. Ele foi um dos gays mais importantes da história! Contarei mais em outros posts, ao longo da semana.

Abraços do Cavalcanti.


Comentários

9 respostas para “Genet”

  1. Comecei a ter orgulho de ser Homossexual após ler Nossa Senhora das Flores, quando ainda era adolescente. Genet foi muito importante na minha vida.
    Sartre dizia que ele era um santo e deveria ser chamdo de São Genet.
    ótimo Post, Lourenço, Parabéns.

    1. Queridos,
      Amanhã tem mais Genet para todos,
      Beijos do Cavanlcanti

  2. Comecei a ter orgulho de ser Homossexual após ler Nossa Senhora das Flores, quando ainda era adolescente. Genet foi muito importante na minha vida.
    Sarte dizia que ele era um santo e deveria ser chamdo de São Genet.
    ótimo Post, Lourenço, Parabéns.

  3. Meu caro, O diário de um ladrão. É uma autobiografia bárbara. Confesso que achei um tanto intensa, mas merece ser lida. Beijas.

  4. Boa tarde, Lourenço!

    Há tempos penso em falar isso, mas hoje senti a necessidade de sugerir a você e à equipe deste blog um canal direto para que possamos enviar sugestões de pautas, assuntos etc. Às vezes, o assunto é interessante e por falta deste espaço acabamos por divulgá-lo por aqui mesmo.

    Mas nem sempre o assunto pode agragar a maioria e acharia legal este “filtro”, onde você e tua equipe avaliaram a publicação.

    Enquanto não temos este canal (não é um exigência…rs), segue matéria que li do colunista Osvaldo Braga (Jornal O Tempo, de Contagem – MG). Inusitada em princípio, mas retrata as curiosidades de nosso país em relação aos movimentos GLS.

    “Oiapoque
    No Brasil, em 2009, foram mais de 150 paradas do orgulho e eventos de promoção da cidadania LGBT. De certa forma, a temporada começa com São Paulo e se estende pelo resto do ano. Uma das últimas a acontecer tem a cor de cacau que brilha na pele, cabelos negros que espetam da testa e amêndoas que saltam dos olhos curiosos, ariscos, precisos. Dia 20 de dezembro acontece a quarta Parada do Orgulho Gay de Oiapoque, Amapá, no topo do Brasil, fronteira com a Guiana Francesa.

    Oiapoque é formada por um conjunto de ruas em torno de uma praça que vem a ser um campo de futebol de areia e um terraço com quiosques de madeira, onde se bebe cerveja, ouve-se música brega e se paquera. Misturam-se prostitutas, garimpeiros, índios, franceses e natureza, no meio de chuva, floresta e liberdade.

    Ladeando a praça, o Palace Hotel, onde a travesti Lady faz as honras da casa. Requintada, trata a todos por senhor ou senhora e não se furta a rebuscar no atendimento, mostrando que sabe o quanto isso ali é contraste. Às seis da manhã, Lady já nos recebe para o café da manhã no salto, na seda ou no tailleur. Um luxo que nasceu em Uberlândia e veio aportar no topo do Brasil, sabe-se lá à procura de quê. Lady se trata na terceira pessoa e não se intimida em falar de si: “A Lady sabe muito bem o que está por baixo dessa roupa”.

    Na outra ponta está o Luciano (Silva, que ninguém conhece; pergunte pelo Luciano Totalflex). Técnico em patologia clínica que nunca exerceu a profissão, é o dono de uma banca de Tacacá, comida típica paraense que faz sucesso na cidade e garante sua subsistência. É ele que está a frente do GGLOF – Grupo de Gays e Lésbicas do Oiapoque e Fronteira -, responsável pela organização da Parada e pelas ações de prevenção às DST-AIDS com os gays da cidade. Esse ano levam uma mensagem de prevenção: o HIV desconhece as fronteiras legais e encontrou ali mais uma porta de entrada no país. A Parada termina num delicioso campeonato de queimada, disputado entre os times de lésbicas, gays, heteros e quem quiser se organizar.

    Luciano me conta que os índios convivem e respeitam seus homossexuais. O índio gay abandona a família e monta sua oca separada, onde recebe seus companheiros. Normalmente, eles se relacionam entre si, mas, em geral, ainda resistem ao uso do preservativo. Muitos têm deixado suas aldeias para estudarem em Oiapoque e são vistos em grupos dando uma pinta na praça.

    O GGLOF se orgulha dos avanços que já conseguiu na cidade: ninguém vai te molestar na rua se perceber que você é gay, nem te incomodar na boate: ela é de todos. Ninguém vai te agredir se você atravessar a praça de mãos dadas com seu namorado. Isso é que é Brasil!”

  5. Adoro o Lourenço!

    E ainda mais em post’s assim, cheios de cultura e informação!

    Já comecei a fazer o dever de casa e pesquisei sobre o Genet… Interessante tua história, marcadas por grandes acontecimentos e também sofrimentos.

    Aguardarei ansioso pelos próximos post’s! 🙂

    Bom dia para vc e para todos os outros daqui, especialmente Iasmim, Ba, Ro, Rafa… 🙂

    Gus
    BH

    P.S.: Lou e todos, assistam a reportagem sobre os 112 anos de Belo Horizonte, comemorados dia 12. Uma linda reportagem que transmite bem minha querida BH: http://globominas.globo.com/GloboMinas/Noticias/MGTV/0,,MUL1413203-9072-30035,00.html

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