A guerra e nosso guerreiro

Caríssimos, a guerra começou, podem se preparar. Casamentos serão postos à prova, amizades talvez não sobrevivam, talvez alguns percam o emprego e outros se demitam. Política é paixão, não contem com a razão nesse campo, e o embate pela presidência agora é aberto, feroz, e vai valer tudo. Antes, havia aquela sensação de vitória no primeiro turno, havia a divisão entre verdes e os outros, o voto na Marina era visto com simpatia, pois era inofensivo, não se acreditava que prejudicasse ninguém. Agora, já vi sinais de que todas as cartas estão na mesa, que petistas e tucanos estão até evitando se encontrar pessoalmente, e que aqueles que confessaram ter votado verde estão sendo perseguidos ou afrontados. Este mês será difícil, mas fundamental. Democracia é isso, o contrário seria a cracia do Demo, a ser evitada a qualquer custo.

Votei em um candidato a deputado federal que defendia brilhantemente a agenda LGBT e perdeu, embora contasse com o apoio de boa parte dos homossexuais considerados “fazedores de opinião”. Teve cerca de 20 mil votos. No Rio de Janeiro, Jean Wyllis venceu, com menos de 14 mil votos, usando do mecanismo eleitoral pelo qual os votos nos outros deputados do mesmo partido beneficiam o colega. Foi uma vitória fabulosa, de qualquer maneira. Gosto dele, e gente como Wagner Moura e Caetano Veloso o apoiaram, vejam vocês como apoio público de celebridades não conta tanto como imaginávamos. Jean é ex-BBB, e muitos o criticam por isso. Ele foi macho o suficiente para se expor como gay no programa de maior audiência do Brasil, e ganhou, marcando um momento brilhante na história do movimento homossexual. Lembro de ter votado loucamente nele, e de quase chorar no momento em que Pedro Bial anunciou sua vitória.

Ele é o primeiro deputado assumidamente gay a chegar lá, sendo fundamental acrescentar que Clodovil nunca contou, pois discursava abertamente contra os homossexuais e o movimento LGBT. Jean tem experiência? Lógico que não, nunca ocupou nenhum cargo público, mas é um cara limpo, de caráter evidentemente sólido, e pode se cercar de gente experiente. Existem outros deputados que ousaram defender nossos interesses e chegaram lá, confesso que não busquei seus nomes, mas teremos, sim, nossa brigada no Congresso. Poderemos contar com Marta Suplicy, cujo apoio em São Paulo, durante suas gestões na Prefeitura e como deputada federal foi fundamental para nós, gays. Foi quando, nas palavras de Franco Rinaudo, do CADS, o movimento gay entrou no DNA da máquina pública, e a própria coordenadoria é prova disso. Acho, meus caros, que todos nós, gays, somos vencedores nessas eleições. Teremos condições de avançar nos próximos anos. Vamos acreditar nisso. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

Uma resposta para “A guerra e nosso guerreiro”

  1. A petista Fátima Cleide, relatora do PLC 122, não alcançou votos suficientes para se reeleger ao Senado, mas pelo visto alguns simpatizantes à causa foram eleitos, com Lidice da Mata, eleita senadora pela Bahia, que apoia abertamente todas as minorias. Espero que dessa vez a PLC 122, assim como o casamento gay sejam aprovados. Embora tenha consciência que nossa maior briga será com o Velho Testamento.

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