15 de outubro de 2011 não foi um sábado como outro qualquer. Milhares de manifestantes espalhados em 951 cidades de 82 países ao redor do mundo saíram às ruas para o United for Globalchange (algo como “unidos por uma mudança global”). Assim como o movimento Occupy Wall Street, deflagrado um mês antes no coração financeiro dos Estados Unidos, em Nova York, o ato global propôs alternativas urgentes aos danos causados pelo sistema capitalista – como as desigualdades social e econômica – em colapso desde a crise mundial de 2008.
O Occupy Wall Street defende que 99,9% da população mundial teve a vida afetada com a quebra do sistema financeiro, impacto acentuado em países da Europa e nos Estados Unidos. O movimento ganhou simpatizantes e foi replicado em mais de duas mil cidades ao redor do mundo.
É fundamental lembrar que essa onda de protestos globais de 2011 teve início em janeiro, na Tunísia, e depois contagiou outros países, como Egito, Líbia e Síria. A chamada Primavera Árabe – que teria servido de inspiração para manifestações em Nova York – levou a população dos três países do Norte da África a violentos embates que nada têm com as mazelas consequentes da bancarrota mundial de 2008. Lutas intensas que agregaram estudantes, trabalhadores, homens e mulheres em oposição a décadas de regimes ditatoriais. Gente que sequer havia experimentado a democracia, em pleno século 21, mas foi capaz de derrubar tiranos como Zine El Abidine Ben Ali (Tunísia), Muammar Kadhafi (Líbia) e Hosni Mubarak (Egito).
No Chile, há quase três meses, centenas de milhares de estudantes têm ido às ruas por uma reforma no ensino público. Nessa onda global de insurreições, as causas são as mais diversas e seus protagonistas também. Se 1968, marcado por manifestações por democracia e reformas políticas, foi “o ano que não acabou”, a despeito de estarmos em dezembro, 2011, e seu turbilhão de acontecimentos, também parece não ter data prevista para chegar ao fim.
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